Descoberto em agosto por um astrônomo amador do Japão, Hideo Nishimura, o cometa Nishimura tem causado muitas expectativas com a possibilidade de visualizar sua passagem próxima ao planeta Terra. O período orbital do cometa é estimado em 433 anos.
Entretanto, em entrevista exclusiva ao Diário do Estado (DE), o astrônomo cultural na Gunstar Team, Clayton Gubio dos Santos, explica que já não será possível ver o cometa por sua proximidade do sol.
“Infelizmente, o cometa Nishimura já se encontra muito próximo no Sol aqui no sul e por isso já não pode mais ser visto. A gente tentou fazer uma observação no último dia que ele estaria assim um pouco mais distante com o arco, em torno de dezesseis a vinte minutos do sol. Mas foi impossível. Aqui no Sul, é realmente muito mais complicado ver do que na região Norte”, esclarece.
Apesar de já estar mais difícil de visualizar o cometa, o astrônomo afirma que a passagem do cometa causa repercussão também por ter sido descoberto por um astrônomo amador que usou uma técnica chamada Astrometria. “É uma arte de produzir fotos a partir de objetos do céu, como estrelas, planetas, lua, satélites e cometas”, afirma.
Com essa técnica, o astrônomo identifica quando se trata de um cometa pela cauda que é o rastro que o cometa deixa no céu por onde ele passa. “Quanto mais próximo do Sol vai chegando, vai intensificando o rastro, porque geralmente os cometas são feitos de rocha e gelo, e o gelo tende a evaporar ali e deixa um rastro mais volumoso no céu. Uma fotografia numa astrometria, numa observação, o astrônomo que tiver um mínimo de experiência já sabe do que se trata”, explica.
Visualizar o cometa
Para quem está curioso para saber como seria visualizar a passagem de um cometa, Clayton explica que não é possível ver como é no imaginário coletivo, com a cauda bem definida atrás dele. “O cometa vai estar ali como se fosse uma nebulosa ou um aglomerado de estrelas. Ele fica meio tênue, meio esfumaçado, você vê uma fumacinha ali”, descreve.
As fotos de cometas que comumente são divulgadas são resultado de uma técnica chamada astrofotografia que consiste em empilhar várias fotos do cometa e recolher a luz do objeto fotografado. “É esse tipo de foto que as pessoas veem e acham que vai estar no céu assim. Com um bom telescópio, as pessoas conseguem também ver as estruturas do cometa”, argumenta.
As projeções e cálculos preveem que o cometa Nishimura só poderá ser visto novamente por cerca de 400 anos, por estar fora do nosso sistema solar. Outros cometas poderão ser vistos antes disso, a exemplo do cometa Halley, que as previsões indicam que será visível novamente em 2061.