Como a mudança na presidência da Petrobras pode afetar o preço dos combustíveis?

A gasolina em Goiás já pode ser encontrada por R$ 7,49. O valor usado para calcular o ICMS está congelado em R$ 6,55.

Mesmo não tendo sido validado ainda, o nome do indicado para substituir o general Joaquim Silva e Luna à frente da presidência da Petrobras já causa repercussões. O economista Adriano Pires foi o escolhido pelo presidente Bolsonaro e, se eleito, pode liderar a criação de um fundo temporário para minimizar as constantes oscilações de preço dos combustíveis no País.

Ele depende de aval da Petrobras para assumir o cargo, o que deve ocorrer por meio de uma assembleia interna em 13 de abril. A opinião sobre o atual contexto vem sendo exposta publicamente pelo indicado. Em entrevista à Jovem Pan News no dia 10 de março, Adriano explicou que os recursos para bancar a proposta seriam da própria exploração do petróleo por meio de dividendos e royalties, porém a ascensão dele ao topo da Petrobras não repercutirá nos preços incialmente.

“A aprovação desse fundo hoje não vai dar resultado imediato. Isso é uma coisa mais pra médio e longo prazo. Em três ou seis meses, nós veríamos a guerra terminar ou ser apaziguada. Com o novo preço do barril de petróleo, aí a gente começaria a discutir a ideia do fundo”, explicou ao destacar como funcionaria a iniciativa.

Neste mês, o Senado aprovou um projeto de lei que cria regras para estabilização dos preços de combustíveis por meio de uma banda de preços para limitar as variações. A medida pode funcionar e apresentar efeitos positivos para o bolso dos brasileiros. Apesar disso, o economista Danilo Orsida destaca que o preço dos combustíveis sofre interferência direta de tributação, cotação internacional do petróleo e oportunismo do mercado, como cartelização dos preços, sendo a influência da taxação de impostos o ponto mais sensível.

“Essa mudança na presidência da Petrobras não tem efeito prático porque não tem correlação direta com os preços dos combustíveis.  É mais jogo de cena”, explica.

Mas, Orsisa analisa o fundo com bons olhos, considerando a instabilidade e incertezas do mercado, do petróleo e da guerra ao mitigar os efeitos dessa precificação internacional. Para ele, o ideal seria reduzir a alíquota de 30%, afinal, viola o princípio jurídico de desoneração tributária de setores essenciais da economia.

Orsida acredita que em breve a pauta de discussões ganhará mais um destaque. Uma decisão de repercussão geral proferida pelo Supremo Tribunal Federal seguiu a linha de seletividade da tributação e autorizou q diminuição da alíquota de energia elétrica de 25% para 17% em Santa Catarina. Além disso, determinou que os estados fizessem o mesmo até janeiro de 2024. A lógica também deve ser estendida aos combustíveis, também considerados essenciais para a economia nacional.

Dessa forma, é possível que o percentual usado para calcular o valor final dos impostos como ICMS seriam baixados por força jurídica e preços de itens básicos de alimentação, por exemplo, também poderão ser reduzidos. No reajuste mais recente, em março, o diesel, a gasolina e o gás de cozinha aumentaram 25%, 19% e 16% – respectivamente. A justificativa da Petrobras é a política de Paridade de Preços Internacionais, a PPI, que alinha o valor cobrado nas bombas dos postos ao custo de importação do petróleo.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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