Como artistas de Parintins ajudaram a Beija-Flor e a Rosas de Ouro a conquistar
os títulos de campeãs
O Festival de Parintins, que celebra os bois Caprichoso e Garantido, tem formado
talentos importantes para os carnavais de São Paulo e do Rio de Janeiro.
1 de 5 Uma das alegorias feitas pelo parintinese Euler Alfaia para a Rosas de
Ouro, campeão do carnaval de SP em 2025. — Foto: Leco Viana/Estadão Conteúdo
Uma das alegorias feitas pelo parintinese Euler Alfaia para a Rosas de Ouro,
campeão do carnaval de SP em 2025. — Foto: Leco Viana/Estadão Conteúdo
Todos os anos, dezenas de artistas saem dos galpões dos bois Garantido e
Caprichoso, em Parintins [https://g1.globo.com/am/amazonas/cidade/parintins/],
no Amazonas, rumo aos barracões das escolas de samba do Sudeste. O tradicional
festival do Norte do país que dura três dias e encanta pela grandeza das
apresentações, das danças e das alegorias tem formado talentos que são
importantes para os carnavais de São Paulo e do Rio de Janeiro.
É o caso de Euler Alfaia, artista do boi Caprichoso, responsável por três
alegorias e pelo carro da comissão de frente da Rosas de Ouro, campeã de São
Paulo este ano — mas não só ele. Alfaia formou a equipe com 23 parintinenses
que fazem os adereços, a decoração, a pintura, as esculturas de isopor e
trabalham na serralheria.
2 de 5 Boi Caprichoso encanta torcedores na terceira noite do Festival de
Parintins — Foto: Alex Pazuello/Secom
Boi Caprichoso encanta torcedores na terceira noite do Festival de Parintins —
Foto: Alex Pazuello/Secom
“As escolas contratam as pessoas que já sabem fazer adereços, forrar carro,
cortar isopor, pintar. É muito difícil ter o dom dessa arte. Não dá para pegar
uma pessoa inexperiente. Quem já é profissional, começou desde cedo”.
Aos 12 anos, Alfaia já brincava de fazer adereços. Usava materiais levados de um
primo mais velho que trabalhava no galpão do boi Caprichoso. Poucos anos depois,
na adolescência, ele mesmo estava confeccionando as fantasias que disputariam a
premiação do Festival de Parintins.
3 de 5 Euler Alfaia com o troféu da Rosas de Ouro — Foto: Arquivo pessoal
Euler Alfaia com o troféu da Rosas de Ouro — Foto: Arquivo pessoal
O trabalho da equipe de Euler foi executar o que o carnavalesco da escola
desenhou, tirando a ideia dele do papel e transformando nas enormes alegorias. A
Rosas de Ouro gabaritou a pontuação no quesito, recebendo 10 dos quatro jurados.
“A gente se esforçou muito para ficar pelo menos entre as cinco primeiras. E não
foi surpresa termos sido campeões”, diz.
Na escola campeã do Rio de Janeiro, a Beija-Flor, um dos talentos parintineses é
Kennedy Prata, responsável pelo abre-alas e pelo quinto carro alegórico que
entrou na avenida. A Beija-Flor garantiu a pontuação máxima no quesito Alegorias
e Adereços. A única nota abaixo de zero foi descartada, devido à regra que
determina isso.
4 de 5 Carro alegórico da Beija-Flor, campeã do carnaval do Rio — Foto: Jornal
Nacional/ Reprodução
Carro alegórico da Beija-Flor, campeã do carnaval do Rio — Foto: Jornal
Nacional/ Reprodução
Prata trabalha com Alfaia no boi Caprichoso. Entre outros artistas que
emprestaram para o carnaval do Sudeste a experiência adquirida no Festival de
Parintins, seja no Caprichoso ou no Garantido, estão Alex Salvador, que trabalha
em escolas de samba do Rio de janeiro, como a Mangueira; Neto Barbosa, na
Portela; Nildo Costa, na Viradouro e Ana Luiza Carneiro, na Império Serrano.
Além da mão de obra, há também muita inspiração no trabalho que é produzido nos
galpões dos bois de Parintins. Segundo Alfaia, vários carnavalescos do Sudeste
vão para o festival e acabam levando artistas e ideias para serem aproveitados
no carnaval.
5 de 5 Alegoria do Garantido na última noite do Festival de Parintins 2024 —
Foto: Mauro Neto/Secom
Alegoria do Garantido na última noite do Festival de Parintins 2024 — Foto:
Mauro Neto/Secom
Quando Paolla Oliveira “virou onça” no meio da Sapucaí no ano passado, quem
frequenta Parintins lembrou que o efeito já era usado há anos no festival.
Principalmente nas apresentações das cunhã-porangas, mulheres que representam as
lendas, os rituais e as coreografias indígenas para seus respectivos bois na
tradicional disputa.
Euler já volta a Parintins em março. Assim como os demais artistas, ele se
dedicará ao trabalho para o Festival de Parintins pelos próximos três meses – o
festival acontece de 27 a 29 de junho.
Paolla Oliveira ‘vira onça’ com efeito de fantasia que baixa máscara; VÍDEO —
Foto: Stephanie Rodrigues/g1