Em 19 de agosto, se comemora o Dia Nacional do Ciclista no Brasil. Considerando que a data nasceu em homenagem a um ciclista que morreu vítima de atropelamento, em 2006, o Diário do Estado entrevistou Pedro Henrique, de 24 anos, para falar sobre os perigosos cotidianos de quem usa bicicleta para se deslocar no trânsito
Os perigos para um ciclista
De acordo com dados da Associação Brasileira de Medicina do Trânsito (Abramet), o número total de acidentes graves entre ciclistas brasileiros em 2021 aumentou 11% em relação a 2020. Em números absolutos, são 14.416 casos em 2020 e 16.070 em 2021. Em Goiás, esse número dobrou no período.
O goiano Pedro Henrique começou a andar de bicicleta em janeiro deste ano, para fins de trabalho. Ir de ônibus inviabilizava seu trajeto por conta do tempo. Era mais rápido pedalar do que trafegar por transporte público. Desta forma, pela praticidade, comprou uma bicicleta. Além disso, era uma forma de se manter ativo fisicamente e evitar grandes multidões em virtude da pandemia.
No início, a maior dificuldade para Pedro foi a falta de vias exclusivas para o ciclista. Em uma parte do caminho, ele precisa passar por uma BR altamente perigosa, por ser a única via que dá acesso ao seu local de trabalho. A falta de proteção e as sinalizações reduzidas na bicicleta também prejudicam a sensação de segurança.
“O ciclista não gosta de andar no meio da pista de carros, mas, pela ausência das ciclovias, acabamos parando lá e enrolando o trânsito, podendo gerar algum acidente”, destaca Pedro.
O jovem sempre busca sinalizar o que está fazendo no trânsito, se vai virar uma rua ou não. Quando pedala à noite, utiliza o seu kit de farol, além do capacete e, ocasionalmente, uma blusa refletiva para que outros motoristas possam enxergá-lo. De acordo com ele, a vida de um ciclista não é nada fácil, mas a relação com outros motoristas não costuma ser um grande empecilho.
“Na maioria das vezes, a relação é bem tranquila. Raramente, nesses sete meses que tenho andado de bicicleta diariamente, acontecem episódios de desrespeito. Mas claro que existe, porque o ciclista é o ‘menor’ da via. A bicicleta não tem farol, seta, então às vezes dificulta a leitura do que está querendo fazer, diferente de uma moto ou um carro”, opina.
Ciclovias e a bicicleta como esporte
Segundo o presidente da Federação Goiana de Ciclismo (FGC), William Lara, o índice de ciclistas vem aumentando em Goiânia. No meio esportivo, pelo menos. Em 2017, eram menos de 200 filiados. Neste ano, a FGC já ultrapassa 500 filiações. “Não é muito em comparação à quantidade de ciclistas, mas são os que competem oficialmente”, comenta.
A respeito da relação com motoristas e a incidência de ciclovias e ciclofaixas, William Lara afirma que essa parte melhorou muito, mas que ainda é preciso continuar evoluindo. Pedro Henrique compartilha de uma opinião similar, destacando a falta desses trechos em pontos mais periféricos da cidade e dizendo que é preciso aumentar os pontos de ciclovias para gerar segurança.
“As ciclovias estão de fato aumentando, mas em regiões muito específicas. Em uma região mais afastada, não é atendida e acaba que muitas pessoas nem têm acesso. É um processo lento, demorado, que leva tempo e muitas pessoas que não dependem de bicicleta não entendem a importância”, acrescenta.
A partir de setembro, a Prefeitura de Goiânia iniciará a construção de uma ciclovia entre o Câmpus Samambaia, na Vila Itatiaia, e o Colemar e Silva, na Praça Universitária, ambos da Universidade Federal de Goiás (UFG).