Como sobreviver ao inverno: lições das aves para encarar adversidades da vida

como-sobreviver-ao-inverno3A-licoes-das-aves-para-encarar-adversidades-da-vida

Tempo de se encorujar

Inverno nos traz a reflexão sobre como encarar os dias frios e cinzentos da
vida.

1 de 5 Durante o inverno, o gaturamo-bandeira migra para regiões com
temperaturas mais amenas — Foto: Leonardo Vilela/TG

Durante o inverno, o gaturamo-bandeira migra para regiões com temperaturas mais
amenas — Foto: Leonardo Vilela/TG

E mais uma vez estamos no inverno. Para quem mora abaixo da linha do Equador,
desde 20 de março, o primeiro dia do outono, quando dia e noite tiveram a mesma
duração, os dias foram pouco a pouco ficando mais curtos do que as noites. Até
20 de junho, quando tivemos a noite mais longa do ano, o solstício de inverno.

E é justamente a partir da chegada do inverno que o dia começa a espichar para,
no primeiro dia da primavera, novamente ter a mesma duração da noite. E então as
noites vão encurtando até o verão chegar.

Inverno, no mundo das aves brasileiras, não significa apenas frio, mas também
seca e falta de alimentos. É um tempo de dificuldades. Há exceções: as aves
aquáticas, por exemplo, têm mais facilidade para encontrar os peixes.

Mas, para a maioria das aves é mesmo um período de provação. As aves, assim como
os mamíferos – entre os quais nos incluímos – são animais endotérmicos (de
sangue ‘quente’), ou seja, têm a capacidade de manter a temperatura do corpo sem
depender da temperatura do ambiente externo. Porém, essa capacidade é limitada.

2 de 5 Beija-flor-de-papo-branco é uma espécie que habita grandes altitudes,
como Serra Catarinense, Serra Gaúcha, Campos do Jordão e Serra do Mar — Foto:
Leonardo Vilela/TG

Beija-flor-de-papo-branco é uma espécie que habita grandes altitudes, como Serra
Catarinense, Serra Gaúcha, Campos do Jordão e Serra do Mar — Foto: Leonardo
Vilela/TG

Imagine: nós, no inverno, nos agasalhamos mais e comemos mais, justamente para
preservar o calor de nosso corpo e termos energia para mantê-lo na temperatura
ideal. Já as aves, o máximo que conseguem fazer é eriçar as penas na tentativa
de evitar a perda de calor do corpo.

É comum, ainda, encontrar aves pousadas bem juntas, como se quisessem aquecer
umas às outras. Ou então sozinhas, ao sol, com cauda e asas abertas.

Quando você estiver observando aves nessa época, com certeza irá encontrar,
principalmente pela manhã, várias aves ‘arrepiadas’ nos mais diversos poleiros.
Talvez você já tenha ouvido o termo ‘encorujado’, como sinônimo de quieto.

3 de 5 O sanhaço-frade está presente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo,
Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul — Foto:
Leonardo Vilela/TG

O sanhaço-frade está presente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito
Santo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul — Foto: Leonardo
Vilela/TG

Quando encontramos corujas durante o dia, elas costumam estar mesmo quietas,
poupando energia para caçar à noite. Agora no inverno, ao observar a passarada,
temos a impressão de ver quase todas as aves ‘encorujadas’. E estão mesmo!

Na verdade, apesar dos nossos agasalhos, com a gente não é tão diferente. O
inverno nos remete a ler, meditar, pensar na vida.

Quem costuma alimentar aves em comedouros, sabe muito bem que nessa época
aumenta o número de interessados em refeições oportunas.

De fato, podemos afirmar: no mundo das aves, o inverno é tempo de testar a
resiliência, ou seja, a capacidade de suportar adversidades durante períodos
difíceis para voltar ao normal, assim que possível.

4 de 5 Príncipe se reproduz no sul do Brasil e países vizinhos (Uruguai,
Argentina) e, após o ciclo reprodutivo, migra para o norte, chegando até a
Amazônia — Foto: Leonardo Vilela/TG

Príncipe se reproduz no sul do Brasil e países vizinhos (Uruguai, Argentina) e,
após o ciclo reprodutivo, migra para o norte, chegando até a Amazônia — Foto:
Leonardo Vilela/TG

Com as aves sempre podemos aprender. Em muitos períodos de nossas vidas,
enfrentamos ‘invernos’ diferentes. Muitas vezes, a perda de um ente querido tira
a cor de nossas vidas. Em outras, como ao perder um emprego, conhecemos a
desesperança.

Num mundo onde impera a má notícia, é comum notarmos que a nossa vida se torna
seca, como a natureza num rigoroso inverno.

Mas, assim como no mundo das aves é no inverno que o sol começa a encompridar os
dias, anunciando a renovação da vida na primavera, nós podemos também perceber
uma nova vida que sempre se anuncia, seja qual for o ‘inverno’ que atravessamos.

5 de 5 Beija-flor-rubi é uma espécie acostumada com as mudanças de estações —
Foto: Leonardo Vilela/TG

Beija-flor-rubi é uma espécie acostumada com as mudanças de estações — Foto:
Leonardo Vilela/TG

Por esta época, também comemoramos as festas juninas: Santo Antônio, São João e
São Pedro. Tempo de fogueiras, simbolizando a luz, seja ela a do sol que volta a
iluminar nosso hemisfério, ou luz interna de nossos corações, uma luz invisível,
mas que nunca se apaga.

Ao passar pelo inverno – seja ou não o da estação, seja exterior ou interior –
faça como as aves que não migram: seja resiliente. Não negue a dificuldade,
aceite-a, mas considere-a passageira. Acenda uma fogueira – seja como a da festa
junina, para aquecer seu corpo, ou em seu coração, para queimar o que não serve,
suas dores, suas mágoas – e assim ilumine sua vida.

Em nossos ‘invernos’ sempre podemos aprender mais e a partir de nós mesmos. Caso
se sinta sozinho, junte-se a outros, como fazem as aves. Se sentir muito frio,
vire-se para o sol da manhã.

Seja lá como for, nunca se esqueça que o inverno existe para anunciar a
primavera.

VÍDEOS: DESTAQUES TERRA DA GENTE

50 vídeos

Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp