Confronto entre grupos na UnB: Youtuber expulso e resistência de esquerda e direita.

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Após expulsão de youtuber, UnB tem confronto entre grupos de esquerda e direita

Estudantes ligados à esquerda chegaram a fazer um cordão humano para impedir a entrada de grupos ligados à direita

Na tarde desta segunda-feira (24/3), a Universidade de Brasília (UnB) foi palco de mais um capítulo de um embate ideológico que se intensifica nas últimas semanas. Um grupo de manifestantes de direita planejava realizar, junto com o polêmico youtuber Wilker Leão, um ato contra o que considera “doutrinação comunista” na instituição, mas se deparou com resistência por parte de estudantes ligados à esquerda, que organizaram uma mobilização em forma de cordão humano para impedir o protesto.

Entenda o caso:

O grupo de jovens de direita realizou atos polêmicos no Centro Acadêmico de Artes Visuais (CAVIS) na sexta-feira (14/3), cobrindo símbolos com tinta branca e estendendo uma bandeira de Israel. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) organizou um manifesto de repúdio aos atos, defendendo valores democráticos, na segunda-feira seguinte (17/3). Wilker Leão, youtuber conhecido por causar tumulto em aulas, foi liberado da suspensão e se matriculou na disciplina Pensamento LGBT Brasileiro, gerando receio entre os alunos. A UnB afastou Wilker Leão novamente, agora por 60 dias nesta segunda-feira (24/3), com um período de 10 dias para que ele se manifeste sobre a decisão. O Youtuber, determinado a reverter sua situação, foi à universidade, a fim de reverter a decisão. Os alunos de esquerda, por sua vez, também se mobilizaram para impedir a manifestação. Formaram um paredão humano nas entradas da universidade com o objetivo de bloquear o acesso dos opositores.

André Doz, estudante de história e integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), disse que “a UnB é um espaço amplo, plural, de excelência científica e tecnológica. Eles querem apagar a memória da universidade e suas conquistas. Estamos aqui para defender a universidade pública e gratuita”. Victor Jansen, aluno de direito da Universidade Católica de Brasília, afirmou que a esquerda teria adotado posturas violentas durante o ato. “A esquerda é antidemocrática, ameaçou a integridade física de todos, mas nós vamos fazer outro ato nas próximas semanas”, disse o manifestante, que apesar de não estudar na UnB, esteve no protesto.

O deputado distrital Gabriel Magno (PT) esteve presente na manifestação e criticou a atuação de grupos que, segundo ele, tentam gerar confrontos dentro da instituição. Afirmou que a mobilização dos três segmentos da universidade – estudante (DCE), professores (Associação dos Docentes da UnB – ADUnB) e técnico-administrativos (Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília – Sintfub) – foi uma resposta ao episódio ocorrido na semana anterior. O parlamentar também criticou a tese de que a universidade promove doutrinação, e lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou essa argumentação. “Professores não estão ocupados em doutrinar estudantes, estão ocupados com tarefas mais difíceis: passar o conteúdo, transmitir desse diálogo, com condições estruturais, às vezes, muito difíceis”. Magno reforçou que a manifestação tinha objetivo de reafirmar o compromisso da comunidade acadêmica com a educação pública e concluiu com a ideia de que “o ato foi convocado para marcar o início do semestre e defender a universidade. Quem veio para provocar percebeu que não encontrou espaço para isso.

A polícia, que foi chamada para garantir a ordem, sugeriu a desmobilização do ato para evitar maiores confrontos. A situação gerou um impasse, mas os manifestantes de direita prometeram que não vão desistir e que novos atos estão sendo planejados para as próximas semanas.

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