A Netflix adquiriu os direitos de exibição de todos os filmes e seriados do grupo de humor britânico “Monty Python”, que alcançou fama nas décadas de 1970 e 1980 na Inglaterra tornando-se ícone mundial da comédia. A trupe anunciou a novidade na última quarta-feira (21) em seu twitter oficial. O sucesso despontou na TV britânica com a série “Monty Python’s Flying Circus”, em 1969, e fez fama também com filmes como “A Vida de Brian” (1979) e “O Sentido da Vida” (1983).
Confira a lista completa dos títulos que chegam ao serviço de streaming no dia 15 de abril:
- “Monty Python – Em Busca do Cálice Sagrado”;
- “A Vida de Brian”;
- “Monty Python’s Flying Circus”;
- “Monty Python’s Fliegender Zirkus”;
- “Monty Python’s Personal Best”;
- “Monty Python Best Bits”;
- “Monty Python Live: One Down, Five to Go”;
- “Monty Python Conquers America”;
- “Monty Python e O Sentido da Vida”;
- “What About Dick?”
O Diário do Estado recomenda três obras importantes do grupo para a cultura do humor:
Monty Python – Em Busca do Cálice Sagrado
Uma versão inesperada da lenda do Rei Arthur, esse filme é tem aspecto de produção caseiras, mas se revela cheia de conteúdo crítico à sociedade da época. A história trata da trajetória do Rei Arthur pela Grã-Bretanha à procura de cavaleiros para se aliarem a ele e defenderem Camelot dos ataques dos saxões. As piadas já começam antes do início do filme, quando nos créditos iniciais há demonstrações da forma descontraída com que vão tratar a lenda. Quando o filme, de fato começa, Rei Arthur e seu fiel escudeiro Patsy chegam a um castelo a cavalo. Em nenhum momento do filme há um cavalo de verdade. Durante o filme todo eles apenas fingem cavalgar batendo em côcos, imitando o som de uma cavalaria.
Uma das cenas mais lembradas do longa-metragem é a luta com um Cavaleiro Negro, que tenta obstruir sua passagem e tem suas pernas e braços arrancados pela Excalibur, espada do Rei. O cavaleiro diz que o fato de perder seus braços e pernas é nada mais que um “mero pequeno arranhão”, gerando uma das cenas mais memoráveis e exemplo do humor non-sense do grupo britânico.
Quando os Cavaleiros da Távola Redonda se depararam com uma maquete do Castelo do Rei, sentem-se entediados e resolvem partir em busca de aventuras. Recebem, no meio do caminho, um chamado divino que determina que eles devem partir em busca do Cálice Sagrado.
Cenas feitas propositalmente em baixa produção reforçam o non-sense e o humor escrachado do grupo, que influenciou humoristas por todo o mundo, como a animação norte-americana “South Park”, os extintos programas de televisão brasileiro “TV Pirata” e “Casseta e Planeta”, até grupos de comédia como os “Barbixas”.
A Vida de Brian
O filme acompanha a vida de um desconhecido chamado Brian Cohen (Graham Chapman) e sua mãe Mandy Cohen (Terry Jones): ranzinza, autoritária e materialista, que o trata como fosse ainda uma criança. Toda a narrativa é como se fosse um acúmulo de mal entendidos, ruídos e enganos que vão se amontoando até chegar ao caos final. Já na primeira sequência o filme já dá o tom: os três reis magos entram no estábulo errado e acham que o recém-nascido Brian é o Messias. Sua mãe os trata como fossem bêbados pedófilos até que descobre que querem presenteá-lo com ouro, incenso e mirra. Ela fica com os presentes enquanto os magos rezam para o messias errado.
Em seguida, o espectador começa a acompanhar a vida de Brian aos 33 anos, preocupado com sexo, se perguntando se é realmente atraente para as mulheres e complexado pelo seu nariz grande. Chateado de ser ainda um filhinho da mamãe, o protagonista enxerga a chance de ser alguém: juntar-se à Frente Popular da Judéia, um grupo que pretende minar a dominação dos romanos sobre o povo judeu. Eles planejam sequestrar a esposa de Pôncio Pilatos, mas na ação no subsolo do palácio de Pilatos, dão de frente com outro grupo terrorista que teve a mesma ideia.
No filme, Brian é confundido com o Messias e passa a ser perseguido não só pelos romanos como também por uma multidão de seguidores que veem nele apenas aquilo que querem ver. Pedem de Brian um “sinal” da sua suposta divindade. Não importa o quanto Brian se esforce para tentar desfazer o mal entendido, involuntariamente criou uma nova religião.
“A Vida de Brian” não zomba da vida de Cristo, mas de um certo “Brian de Nazaré” que nasceu no mesmo dia e num estábulo vizinho ao recém-nascido famoso e aureolado. Aliás, no filme, Cristo aparece apenas duas vezes, sempre de passagem: na cena inicial como o vizinho famoso de Brian e na sequência do Sermão da Montanha. Diante de uma enorme multidão reunida, alguém se queixa: “Não consigo ouvi-lo! O quê ele disse?”. “Parece que ele disse que os gregos herdarão a Terra… e bem aventurados os produtores de queijo…”, alguém responde.
Monty Python’s Flying Circus
“Monty Python’s Flying Circus” foi uma série de comédia britânica, exibida entre os anos de 1969 a 1974 , com estrutura baseada em esquetes, nas quais os membros sempre usavam seus programas para fazer criticas de forma inteligente a sociedade Britânica. Com apenas seis atores, eles revezavam entre personagens de características diferentes.
O programa tinha como estilo o humor surreal e o sem sentido, que na época era foi inovador e levou o grupo a se consagrar na Inglaterra e influenciar a nova leva de comediantes que estavam por vir.
A esquete encenada nesse episódio faz sátira a uma entrevista de emprego um tanto quanto duvidosa, mostrando o quanto o entrevistado pode ser subjugado ao seu empregador, de diversas maneiras, mas principalmente de uma forma psicológica.