Conscientização e inclusão são armas para promover o respeito com autistas

Marcelo Oliveira autismo

Conscientização e inclusão são armas para promover o respeito com autistas

Segundo o Center of Diseases Control and Prevention (CDC), a estimativa até o ano passado era de que uma criança a cada 44 nasciam com o espectro autista. No Brasil, vivem cerca de 2 milhões de autistas. Ainda assim, isso não evita que ainda exista preconceito com essa parcela de sociedade. Para acabar com tal discriminação, as palavras-chave são conscientização e inclusão.

O primeiro passo é a conscientização

Tatiana Takeda autistas
Tatiana Takeda (Foto: Arquivo pessoal)

Tatiana Takeda é advogada, professora universitária, mestre em Direito, presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/GO, autora e coautora de livros, cartilhas e ebooks, e criadora/administradora do “Direito e Inclusão”. Ela tem um filho autista e já passou por muitas situações de discriminação, em restaurantes, festas, escola e parques.

“O jeito diferente de se comportar acaba por despertar a resistência de algumas pessoas, que optam por criticar ou ficar longe”, explica Tatiana ao DE.

Para a advogada, o primeiro passo para acabar com a discriminação contra autistas é a conscientização. Segundo ela, as barreiras atitudinais são obstáculos comuns na vida dessas pessoas e é essencial evitar que isso perpetue no tempo.

Desta forma, torna-se necessário usar leis e normas como ferramenta de conscientização. No entanto, é ainda mais importante explicar para o sociedade em geral os motivos pelos quais essas leis existem, para que assim a conscientização alcance um patamar maior.

“Tudo que parece ser ‘diferente’ causa certa resistência. Parte substancial da sociedade possui dificuldade em aceitar aquilo que não é ‘convencional’. Ou seja, uma sociedade preconceituosa”, declara Tatiana.

Desrespeito com pessoas autistas

No último mês de junho, a influenciadora digital Larissa Rosa, de Anápolis, gravou um vídeo zombando de vagas de estacionamento para autistas. O caso ganhou repercussão e, na semana passada, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) propôs um acordo.

Para não haver denúncia à Justiça, a influenciadora teria de pagar R$ 10 mil em parcelas mensais de R$ 1 mil, com destino a uma associação que atua nos direitos de pessoas com deficiência. Além disso, Larissa precisaria cumprir 360 horas de serviços comunitários a entidades.

“Se realmente há essa previsão, considero que, embora o valor possa parecer tímido como ressarcimento, há de se pesar que esse tempo prestando serviços será importantíssimo para a reflexão da acusada. Ainda mais se for em um local que cuide de pessoas com deficiência. É importante ponderar que o Ministério Público tem muita experiencia em questões análogas”, comenta Tatiana Takeda.

Marcelo Oliveira, diretor do NAIA Autismo e membro da Comissão Municipal da Pessoa com Deficiência, também compartilha da mesma opinião. Em sua visão, o ideal é que Larissa e pessoas que cometem atos parecidos façam trabalhos sociais em locais contendo pessoas autistas, com o intuito de gerar repercussão positiva.

“Todo e qualquer episódio nesse sentido tem que ser utilizado para potencializar a informação. A gente só respeita aquilo que conhecemos. Muito do preconceito que a sociedade tem com os autistas vem da falta de conhecimento da causa e de alguns estereótipos que são propagados pela mídia”, afirma Marcelo.

Para que a discriminação contra autistas acabe, Marcelo acredita que é preciso incluir pessoas com deficiência nas escolas, não só os autistas. Assim, as crianças já vão crescer aprendendo que cada um possui suas próprias particularidades, tornando-se adultos melhores no processo.

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Quatro estudantes da PUC-SP são desligados após se envolverem em atos racistas durante jogo

Quatro estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram desligados de seus estágios em escritórios de advocacia após um vídeo viralizar nas redes sociais, mostrando atos de racismo e aporofobia cometidos durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais. O incidente ocorreu no último sábado, 17, em Americana, interior de São Paulo. Nos registros, os alunos ofenderam colegas da Universidade de São Paulo (USP), chamando-os de “cotistas” e “pobres”.

As demissões foram confirmadas por meio de notas oficiais enviadas às redações. O escritório Machado Meyer Advogados, por exemplo, anunciou a demissão de Marina Lessi de Moraes, afirmando que a decisão estava alinhada aos seus valores institucionais, com o compromisso de manter um ambiente inclusivo e respeitoso. O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi também confirmou a dispensa de Matheus Antiquera Leitzke, reiterando que não tolera práticas discriminatórias em suas instalações. O Castro Barros Advogados fez o mesmo, informando que Arthur Martins Henry foi desligado por atitudes incompatíveis com o ambiente da firma. O escritório Pinheiro Neto Advogados também comunicou que Tatiane Joseph Khoury não faz mais parte de sua equipe, destacando o repúdio ao racismo e qualquer forma de preconceito.

Repercussão do caso

O episódio gerou forte indignação nas redes sociais e foi amplamente criticado. O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os alunos da Faculdade de Direito da USP, se manifestou, expressando “espanto, indignação e revolta” com as ofensas racistas e aporofóbicas proferidas pelos alunos da PUC-SP. A instituição ressaltou que o incidente representou uma violência contra toda a comunidade acadêmica.

Em resposta, a reitoria da PUC-SP determinou a apuração rigorosa dos fatos pela Faculdade de Direito. Em comunicado, a universidade afirmou que os responsáveis serão devidamente responsabilizados e conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. A PUC-SP reiterou que manifestações discriminatórias são inaceitáveis e violam os princípios estabelecidos em seu Estatuto e Regimento.

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