Contra ou a favor? Após três anos suspenso, horário de verão pode ser retomado

O polêmico horário de verão voltou a ser pauta de discussões nacionais. A prática de atrasar o relógio em uma hora em algumas regiões do país voltou a ser defendida junto ao Governo Federal por especialistas e entidades empresariais. Você ama ou odeia a medida? O presidente Jair Bolsonaro (PL) já declarou que não gosta e resiste em concordar com o retorno do tradicional atraso dos ponteiros em uma hora.

O retorno da medida reduziria a possibilidade de apagões e favoreceria os setores de turismo, alimentação e bebidas com a população aproveitando mais tempo de sol. Uma reunião entre Ministério das Minas e Energia (MME) e Operador Nacional do Sistema (ONS) foi realizada há pouco mais de uma semana, “tendo em vista o deslocamento da demanda máxima (que, atualmente, ocorre no meio da tarde) decorrente da crescente participação da geração solar distribuída”.

O economista Luiz Carlos Ongaratto acredita que a discussão é válida porque a ideia é conter o aumento do preço de energia e não reduzir o custo. De acordo com ele, o deslocamento de horário de consumo seria importante para manter o nível de produção energética sem acionar outras fontes, em geral mais poluentes e mais caras, e evitar colapso energético. Assim, não seria necessário acionar bandeira vermelha com sub taxação aos consumidores domésticos e industriais.

“Com o verão, as pessoas usam mais ar condicionado e energia elétrica para acionar aparelhos que refresquem do calor. Com todos fazendo isso em um momento do dia, as termelétricas, por exemplo, acabam sendo ativadas para atender a demanda”, explica.

Segundo o especialista, o barateamento do custo de produção exige investimentos de grande porte que não estão sendo considerados atualmente. Ongaratto esclarece que seriam necessários mais água nos reservatórios, mais hidrelétricas, além de produção mais eficiente e mais qualidade na transmissão de energia elétrica no Brasil. 

Por outro lado, o economista Aurélio Troncoso defende que o custo-benefício não compensa a volta do horário de verão. Ele lembra que durante a vigência da medida, que começou nos anos 1930 do governo de Getúlio Vargas, a média era de 0% a 5% de economia. As termelétricas eram constantemente ligadas para compensar o uso elevado da energia durante o período da alteração de horário tornando a justificativa frágil, na opinião dele.

“Isso não vai voltar nesse governo, só mesmo se outro presidente assumir a partir de 2023. Essa pauta é passado. Já não temos mais risco de apagão. Quem acorda de madrugada não vai apoiar essa decisão. Mesmo com o horário de verão, a conta mensal vinha mais cara porque as termelétricas também eram utilizadas”, ressalta.

Quando?

Conversas de bastidores chegaram a ventilar que a retomada seria ainda neste ano, mas o MME descartou a possibilidade. Além de ressaltar em uma nota à imprensa que promove “constantemente a avaliação técnica das melhores medidas disponíveis, de acordo com o contexto energético vigente, a fim de manter a segurança energética e a modicidade tarifária ao consumidor brasileiro”, a implementação seria a curtíssimo prazo. O atraso no relógio coincide com o verão, valendo de outubro a fevereiro. Não há risco de desabastecimento no País, de acordo com a pasta.

Durante a cerimônia de assinatura do decreto que extinguiu o horário de verão, o candidato à reeleição afirmou que não havia economia de energia porque o pico não ocorre mais à noite, mas à tarde, e alterava o”relógio biológico” dos brasileiros, o que compromete a produtividade do trabalhador. Ele argumentou ainda que uma pesquisa feita pelo governo apontou que mais de 70% da população não gostava da mudança de horário em vigor por quatro meses consecutivos. O horário de verão também é adotado na Europa entre março e outubro.

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Ponte TO-MA: Agência irá avaliar qualidade da água de rio após queda de ponte

A Agência Nacional de Águas (ANA) anunciou nesta terça-feira, 24, que está avaliando a qualidade da água no Rio Tocantins, na área onde desabou a ponte Juscelino Kubitschek, entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). Essa medida se justifica devido à informação de que alguns dos caminhões que caíram no rio após a queda da ponte carregavam pesticidas e outros compostos químicos.

O foco das análises está no abastecimento de água a jusante (rio abaixo) a partir do local do acidente. A ANA, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão, vai determinar os parâmetros básicos de qualidade da água e coletar amostras para as análises ambulatoriais. O objetivo é detectar os principais princípios ativos dos pesticidas potencialmente lançados na coluna d’água do rio Tocantins.

As notas fiscais dos caminhões envolvidos no desabamento apontam quantidades consideráveis de defensivos agrícolas e ácido sulfúrico na carga dos veículos acidentados. No entanto, ainda não há informações sobre o rompimento efetivo das embalagens, que, em função do acondicionamento da carga, podem ter permanecido intactas.

Devido à natureza tóxica das cargas, no domingo e segunda-feira, 23, não foi possível recorrer ao trabalho dos mergulhadores para as buscas submersas no rio. O Corpo de Bombeiros do Maranhão confirmou nesta terça-feira, 24, a morte de quatro pessoas (três mulheres e um homem) e o desaparecimento, até o momento, de 13 pessoas.

Sala de crise

Na quinta-feira, 26, está prevista a reunião da sala de crise para acompanhamento dos impactos sobre os usos múltiplos da água decorrentes do desabamento da ponte sobre o rio Tocantins. Além da própria ANA, outros órgãos participam da sala de crise, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Ministério da Saúde.

O Dnit está com técnicos no local avaliando a situação para descobrir as possíveis causas do acidente. Segundo o órgão, o desabamento foi resultado porque o vão central da ponte cedeu.

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