Controvérsia dos “Jardins Suspensos” em Belém: Debate sobre substituição de árvores naturais por estruturas artificiais ecoa na cidade-sede da COP 30.

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Entenda a controvérsia dos ‘jardins artificiais’ que imitam árvores na cidade-sede da COP 30

Surgiu um debate em relação aos “jardins suspensos” que estão sendo implantados em Belém, no Pará, como parte das obras para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) que ocorrerá em novembro. A ideia do governo era substituir as árvores reais por estruturas em formato de árvores, que seriam chamadas inicialmente de “árvores artificiais”. No entanto, essa atitude gerou polêmica entre diversos setores da sociedade, incluindo ambientalistas, paisagistas e a população em geral.

O projeto consiste em fixar plantas naturais e ornamentais em estruturas de vergalhões metálicos, visando oferecer sombra e conforto em áreas que não comportariam árvores reais devido a limitações de espaço para raízes ou características do solo. Inspirado em modelos semelhantes em Singapura, o governo do Pará planeja instalar 180 dessas unidades na capital até a realização da COP 30. No entanto, o valor do investimento não foi divulgado, o que também tem sido alvo de críticas.

O paisagista e professor da UFPA, Juliano Ximenes, ressalta que Belém já foi identificada como uma das capitais menos arborizadas do Brasil e enfrenta problemas como quedas de árvores, principalmente durante o inverno amazônico devido às chuvas intensas. Ele destaca a importância das árvores reais na recuperação ambiental urbana, pois ajudam a controlar a umidade do ar e solo, retêm poluentes e atraem a fauna, mantendo o solo fértil e úmido.

Além disso, a questão dos parques lineares na Nova Doca e na avenida Almirante Tamandaré também tem sido questionada pelos especialistas. Enquanto o governo destaca que as estruturas dos jardins suspensos são feitas de material reciclado e que estão sendo realizadas melhorias nos canais de esgoto, profissionais como Juliano Ximenes apontam a necessidade de priorizar o plantio de árvores reais e a recuperação do solo e do ecossistema local.

Ao comparar os jardins suspensos de Belém com o Supertrees Grove em Singapura, percebe-se diferenças significativas em termos de benefícios ambientais e dimensões. Enquanto as estruturas de Singapura possuem diversas funcionalidades sustentáveis e são gigantescas, as de Belém são pequenas e não apresentam alternativas ecológicas viáveis. A falta de consulta às comunidades locais e a decisão de implantar as árvores artificiais sem considerar as condições locais têm gerado críticas e questionamentos sobre a eficácia do projeto.

Diante da repercussão negativa, o governo mudou a denominação das estruturas de “árvores artificiais” para “jardins suspensos”. No entanto, a polêmica persiste, com profissionais, comunidades e influenciadores digitais se manifestando contra a iniciativa. A crítica central é que as árvores reais trariam mais benefícios do que os jardins suspensos, que representam um investimento elevado sem compensações significativas em termos de biodiversidade urbana.

Em resumo, a controvérsia em torno dos “jardins artificiais” em Belém destaca a importância do diálogo com a população, a consideração das condições locais e a priorização do plantio de árvores reais como elementos fundamentais na promoção da sustentabilidade ambiental e no enfrentamento das mudanças climáticas. A reflexão sobre as estratégias empregadas na construção desses jardins suspensos revela a necessidade de um planejamento mais integrado e sustentável para a preservação do meio ambiente na região amazônica.

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