Entidades que lutam pela igualdade racial repudiam estampa de roupa que traz a frase ‘Não se contamine!’. A frase é acompanhada da imagem de duas mãos se tocando, uma de cor clara e outra de cor escura. A marca lamentou que a arte tenha sido interpretada de forma diferente da intenção original e disse que o produto não será mais comercializado.
A empresária de Petrópolis criou a estampa de camiseta que gerou suspeitas de racismo. As entidades que lutam pela igualdade racial em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, se manifestaram contra a estampa de uma camiseta que traz duas mãos se tocando, uma de cor escura e outra de cor clara, além dos dizeres “Não se contamine!”. Há ainda a inscrição de um versículo bíblico. A roupa faz parte do catálogo de produtos de uma marca cristã da criadora de conteúdo, Brenda Sá. Logo após a publicação, internautas manifestaram-se, principalmente nas redes sociais, atribuindo à estampa uma conotação racista.
O Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Petrópolis (Compir) recebeu denúncias sobre a situação e emitiu uma nota de repúdio contra a marca Criações Gêneses. Outras entidades, como o coletivo de educadores voluntários Educafro e a Comissão de Igualdade Racial e a Comissão de Direitos Humanos da 3ª subseção da OAB, também manifestaram repúdio. A associação entre a cor da pele e a ideia de contaminação foi considerada claramente ofensiva e discriminatória, perpetuando o racismo estrutural combatido na sociedade.
As entidades exigiram a imediata retirada da propaganda, um pedido público de desculpas por parte da empresa, medidas concretas para combater práticas discriminatórias e a instauração de uma investigação rigorosa pelas autoridades responsáveis. O posicionamento da marca foi explicado pelo advogado Juarez Rodrigues Braga, que afirmou que a imagem seria de uma mão necrosada e criada como uma metáfora da contaminação espiritual. A proprietária lamentou a interpretação equivocada da arte e garantiu que a camisa não será mais comercializada.
A marca enfatizou que a cor da mão necrosada não tinha a intenção de representar uma etnia específica, mas sim um estado de deterioração e impureza. Ela expressou respeito por todas as pessoas e agradeceu a todos que se manifestaram sobre o assunto. A arte deve ser um veículo de reflexão e diálogo, e a empresária lamentou profundamente se sua obra causou qualquer tipo de mal-estar. O compromisso com a inclusão e o respeito à dignidade humana são valores essenciais para qualquer empresa, e a responsabilidade social requer ações concretas para garantir a igualdade e o respeito.