Corpo de Juliana Marins deve chegar a São Paulo nesta terça, diz companhia aérea
Advocacia-Geral da União disse que vai cumprir voluntariamente o pedido de nova autópsia no corpo da brasileira. Defensoria Pública da União informou que exame necroscópico deve ser realizado em até 6 horas após o desembarque.
Corpo de Juliana Marins vai passar por uma nova autópsia no Brasil
Corpo de Juliana Marins vai passar por uma nova autópsia no Brasil
A companhia aérea Emirates Airlines anunciou nesta segunda-feira (30) que o corpo de Juliana Marins, brasileira que morreu durante uma trilha em um vulcão na Indonésia, deve chegar à cidade de São Paulo nesta terça-feira (1º). O translado deve terminar na quarta (2), data prevista para o corpo chegar ao Rio de Janeiro.
“A Emirates estende suas mais profundas condolências à família neste momento difícil”, disse a empresa.
A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que vai cumprir voluntariamente o pedido de nova autópsia no corpo de Juliana. Segundo a Defensoria Pública da União, o exame necroscópico deve ser realizado em até seis horas após o desembarque, para preservar eventuais evidências sobre as circunstâncias da morte.
APELO
Família aguarda resposta de companhia aérea sobre translado do corpo
No domingo (29), a família fez um apelo à companhia aérea. “Estamos tentando confirmar o voo que trará Juliana para o Rio. Porém, a DE não quer confirmar o voo! É descaso do início ao fim. Precisamos da confirmação do voo da Juliana urgente. Precisamos que a DE se mexa e traga Juliana pra casa!”, disse na ocasião Mariana Marins, a irmã mais velha.
Mariana contou que o translado estava confirmado para as 19h45 de domingo (29) no horário de Bali (8h45 no horário do Brasil). No entanto, houve mudanças repentinas. “Misteriosamente, a parte do porão de carga ficou ‘lotada’”, afirmou.
“Parece proposital, já que o embalsamamento tem apenas alguns dias de validade. O medo é que em nova autopsia descubramos mais coisas? Está muito difícil”, desabafou.
PEDIDO PARA NOVA AUTÓPSIA
O pedido de uma nova autópsia partiu da família de Juliana, que foi à Justiça. “Com o auxílio da Prefeitura de Niterói, acionamos a Defensoria Pública da União (DPU-RJ), que imediatamente fez o pedido na Justiça Federal solicitando uma nova autópsia”, informou Mariana Marins, irmã de Juliana.
O motivo, segundo a defensora Taísa Bittencourt Leal Queiroz, responsável pelo pedido à Justiça Federal, é a “ausência de esclarecimento sobre a causa e o momento exato em que a vítima morreu”.
AUTÓPSIA EM BALI
A 1ª autópsia foi realizada na quinta-feira (26), em um hospital de Bali, logo depois que o corpo foi retirado do Parque Nacional do Monte Rinjani.
De acordo com o exame, a brasileira morreu por causa de múltiplas fraturas e lesões internas, não sofreu hipotermia e sobreviveu por 20 minutos após um trauma. O que não ficou claro é em que momento aconteceu essa lesão fatal, já que a jovem foi vista em três profundidades diferentes no penhasco.
As informações foram passadas na sexta (27) pelo médico-legista Ida Bagus Putu Alit, em uma entrevista coletiva no saguão do Hospital Bali Mandara.
“Os indícios mostram que a morte foi quase imediata. Por quê? Devido à extensão dos ferimentos, fraturas múltiplas, lesões internas — praticamente em todo o corpo, incluindo órgãos internos do tórax. [Ela sobreviveu por] menos de 20 minutos”, disse o médico.
A divulgação do exame foi criticada pela família de Juliana. Mariana disse que a família foi chamada ao hospital, mas a coletiva de imprensa aconteceu antes.
GOVERNADOR SE MANIFESTA
Pela primeira vez desde após a morte de Juliana, uma autoridade política da Indonésia se posicionou sobre o episódio. Lalu Muhamad Iqbal, que governa a província de Sonda Ocidental, onde fica o vulcão Rinjani, publicou um vídeo no sábado (28) e admitiu falta de estrutura durante a tentativa de resgate da jovem.
Ele informou também que vai rever os procedimentos de salvamentos em novos incidentes.
Desde a semana passada, a DE e a TV Globo têm tentado contato com autoridades indonésias. A equipe de reportagem tentou contato com a polícia, os diretores do parque, com a prefeitura da ilha de Lombok, com o Ministério do Turismo, com o Ministério das Florestas, responsável pelo parque, com o Ministério do Exterior e até com a Presidência da Indonésia, mas não houve resposta.
Iqbal divulgou uma gravação de pouco mais de 3 minutos, narrada por um homem e intitulada “Carta aberta para meus irmãos e irmãs brasileiros”.
No áudio, ele atribuiu o atraso no resgate à chuva persistente e à neblina densa, mas admitiu que a região não dispõe de estrutura adequada para operações desse tipo.
“Quero assegurar que, desde o primeiro momento em que fomos informados do acidente, nossa equipe de resgate agiu com urgência e dedicação. Eles arriscaram a própria segurança para cumprir sua missão”, destacou o governador.