O primeiro dos nove presos executados durante a rebelião do primeiro dia do ano na Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto, do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, foi identificado ontem pelo Instituto de Identificação da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária. O corpo estava carbonizado, mas por meio de técnica que inverte as digitais, foi possível a identificação de Pablo Henrique da Silva, de 22 anos. Ele cumpria pena por tráfico de drogas.
Familiares de outros detentos do regime semiaberto sofrem por não ter informações sobre eles. Sueli Nogueira, mãe de um detento, contou ao Diário do Estado que fica emocionada e angustiada por não ter noticias sobre o filho Paulo Henrique, que estava na ala B, a primeira que foi invadida. “Eu venho aqui e eles falam que o nome dele não consta na lista de pessoas que ficaram. Eu ligo no Núcleo de Custódia e eles falam que o nome dele não consta lá também. Não consta tabém no hospital. Eles fizeram uma carnificina, arrancaram órgãos, arrancaram pedaços de presos e tacaram fogo justamente pra demorar a identificação”.
Outro pai que sofre por não conseguir a informação oficial de que o filho, Elismar Tavares, de 27 anos, está morto. Ele reconheceu o corpo do filho por fotos no WhatsApp, conforme o pai contou ao jornal O Popular. O pai, que não quis dizer o nome, disse que identificou o corpo do filho por fotos, reconhecendo a bermuda que havia dado de presente ao filho naquela semana. Ele o reconheceu também pelas tatuagens no corpo.
Além disso, outro problema é a condição em que eles se encontram. Maria Célia, avó de outro presidiário, tenta ver o neto que tem tuberculose. Pablo de 23 anos, estava preso e cumpre pena até agosto. A avó ajuda com o tratamento durante o semiaberto e leva os remédios, pois o sistema não ajuda com todos que ele precisa. Ela luta para que o neto possa fazer o tratamento em casa. “Já fui no Fórum e conversei com a juíza para tirar ele e agora ele tá aí de no meio dessa bagunça, precisando tomar remédio. Lá dentro é tudo molhado, cheio de mofo, a água que chega é muito quente. Podiam pelo menos arrumar o lugar que tem tanto tuberculoso. Eles não fazem nada”.
O vice-presidente da comissão de direitos humanos da OAB, Alexandre Carneiro explicou a demora na identificação dos corpos. “Os presos que não foram identificados foram por causa da condição dos corpos, porque estavam tão deteriorados e como muitos fugiram eles não tiveram identificação de todos. Então temos que aguardar o IML fazer um exame mais minucioso para poder saber quem são eles”.