Corretor de grãos e esposa são denunciados pelo Ministério Público por aplicar golpes milionários em produtores rurais de Goiás
Vinícius de Melo e a esposa estão nos Estados Unidos e foram colocados na lista de procurados da Interpol no início de dezembro. Outras 14 pessoas também foram denunciadas pelo órgão.
Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello são casados e procurados pela Polícia Civil de Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais
O corretor de grãos Vinicius Martini de Melo e a esposa Camila Rosa Melo foram denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). Eles eram investigados por aplicar um golpe milionário contra produtores rurais de Rio Verde, no sudoeste goiano. Além deles, outras 14 pessoas, como familiares e sócios das empresas ‘de fachada’ usadas no crime, foram denunciadas.
Vinícius, Camila e 13 dos denunciados vão responder por organização criminosa, estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e concurso material. O outro denunciado vai responder apenas por falsidade ideológica. Além do casal que está foragido, três dos denunciados estão presos em regime fechado e um em regime domiciliar. Os de não conseguiu confirmar se a denúncia já foi recebida pelo Tribunal de Justiça de Goiás.
O entrou em contato com o advogado de defesa de Vinicius e Camila, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto. Os dois estão nos Estados Unidos e foram colocados na lista de procurados da Interpol no início de dezembro. Na época, a defesa deles lamentou as acusações contra eles e disse que a família trabalha há mais de 10 anos no ramo e que nunca teve problemas. Disse também que, há seis meses, eles acabaram não conseguindo “honrar os compromissos em decorrência de uma questão econômica”.
Já a defesa de quatro familiares do corretor, também denunciados, disse em nota que a inocência deles será comprovada ao decorrer do processo e que “a denúncia representa a versão inicial da acusação, não constituindo juízo de culpabilidade” (leia a nota completa ao fim da reportagem). A reportagem não localizou a defesa dos outros 10 denunciados para solicitação de um posicionamento até a última atualização deste texto.
Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello são casados e são procurados pela Polícia Civil de Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil
Segundo a Polícia Civil, Vinícius de Mello se mudou para Rio Verde na década de 1990 e comprava soja, milho e algodão dos produtores rurais para revender no mercado. A denúncia feita pelo Ministério Público aponta que o crime de estelionato foi praticado pelo grupo por pelo menos dez vezes. O MP apontou Vinícius como o líder da organização criminosa, responsável por conduzir as negociações.
Conforme a polícia, após receber as produções, ele não pagava ou pagava menos que o valor negociado com os produtores e também não entregavam toda a carga para os clientes. Em seguida, vendiam os produtos e transferiam os valores para empresas-fantasmas, em nomes de laranjas, para ocultar e lavar o dinheiro.
Grupo criminoso é acusado de causar prejuízo bilionário numa das regiões mais ricas do país
A Polícia Civil considera que esse é o maior golpe já aplicado contra o agronegócio no Brasil. Os investigadores descobriram que Vinícius não agiu sozinho e tinha uma complexa rede de empresas criadas com a finalidade de sonegar impostos e lavar dinheiro. Pelo menos 13 vítimas registraram boletim de ocorrência contra Vinícius de Mello, mas a quantidade de produtores rurais que caíram no golpe é muito maior, de acordo com a investigação.
Uma operação feita pela Polícia Civil nos dias 28 e 29 de novembro apreendeu quase 500 veículos, dois aviões e sete imóveis de luxo. Na ocasião, a polícia também pediu o bloqueio de R$ 19 bilhões. As medidas judiciais, incluindo 34 mandados de busca e apreensão, foram cumpridas nas cidades de Rio Verde, Morrinhos, Goiânia, Santo Antônio da Barra e Montividiu.
A defesa dos familiares de Vinícius afirmou em nota que a denúncia representa apenas a versão inicial da acusação e que, ao longo do processo, a inocência dos clientes será demonstrada. Eles confiam na imparcialidade do Poder Judiciário para a correta análise dos fatos e esclarecimento da verdade.