Nos últimos dias, uma corrida contra o tempo tem se desenrolado nos postos de atendimento do cartão Jaé no Rio de Janeiro. Faltando menos de duas semanas para que o novo bilhete eletrônico se torne obrigatório para garantir a gratuidade nos transportes municipais, idosos têm madrugado em filas, enfrentado falhas no sistema e dificuldades para obter o benefício. Muitos usuários relatam noites sem dormir, falta de familiaridade com tecnologia e longas esperas por respostas via aplicativo. A busca desesperada pelo novo cartão tem levado centenas de idosos a se aglomerarem nas filas dos postos de atendimento, como foi o caso de Maria do Carmo Cotrim, que saiu de casa às 2h30 para garantir o primeiro lugar na fila do posto de Madureira.
A situação se repete em diversos postos de atendimento, com idosos enfrentando horas de espera para conseguir realizar o cadastro para o novo cartão. Maria de Lourdes Dias Nogueira, de 74 anos, por exemplo, tentava pela terceira vez concluir o cadastro, após enfrentar seis horas de fila no dia anterior. A dependência do benefício faz com que os idosos ajam rapidamente, mesmo que isso signifique passar noites em claro e enfrentar longas filas. Edna Maria Barbosa, de 65 anos, acompanhada pelo filho, chegou ao posto de atendimento de Madureira às 4h30 para garantir um bom lugar na fila.
Além da dificuldade de obtenção do cartão Jaé, também há relatos de problemas na entrega dos benefícios. Demorci Ávila do Nascimento, de 72 anos, aguarda há meses pelo seu cartão, mesmo após pagar pela segunda via. A falta de estrutura nos postos de atendimento também tem sido uma questão, com usuários relatando longas filas, falta de cadeiras e casos de pessoas passando mal. Diante do caos registrado nos últimos dias, a prefeitura anunciou medidas para tentar diminuir a espera e aprimorar o atendimento nos postos, como a criação de superpostos e a extensão do horário de funcionamento.
A situação tem gerado indignação entre os idosos, que se sentem desrespeitados diante das dificuldades enfrentadas para obter um benefício ao qual têm direito. Muitos relatam não saber usar o aplicativo para solicitar o cartão ou não ter recebido retorno mesmo após meses de espera. A ida presencial aos postos se tornou a única saída para muitos, o que tem contribuído para a superlotação e as longas filas. A promessa de melhoria no atendimento por parte da prefeitura trouxe um alívio temporário para os usuários, que agora aguardam ansiosos por um processo mais eficiente e humanizado na obtenção do cartão Jaé.
Em meio a essa corrida frenética pelo novo cartão, a população idosa do Rio de Janeiro demonstra resiliência e determinação para garantir seu direito de mobilidade. A espera nas filas dos postos de atendimento se tornou um símbolo das dificuldades enfrentadas pelos idosos, que buscam uma solução para uma situação que, para muitos, é uma questão de necessidade. Diante da proximidade do prazo final para a obrigatoriedade do uso do cartão Jaé, a expectativa é que as medidas anunciadas pela prefeitura contribuam para agilizar o processo e garantir um atendimento mais digno e eficiente para os usuários.