Antigomobilismo? Corrida de carros antigos em circuito de rua resgata tradição da década de 1930 no interior de SP
Prova simulou as competições que Campinas recebia antes da criação de autódromos como o de Interlagos, em São Paulo. Corrida foi realizada com os mesmos veículos que participavam há 90 anos.
Campinas (SP) viveu, no domingo (27), uma viagem no tempo até 1935. A Avenida João Erbolato, no Jardim Chapadão, recebeu uma corrida de carros antigos para resgatar uma tradição de 90 anos atrás, quando a metrópole recebia provas de automobilismo em circuito de rua, antes da criação dos autódromos modernos de alta velocidade, como o de Interlagos, em São Paulo.
O evento reuniu apaixonados pelo que é conhecido como “antigomobilismo”, que consiste na paixão em colecionar, restaurar e preservar veículos antigos. A “9ª Volta do Chapadão” teve dez voltas para simular as competições históricas da década de 1930, quando Campinas recebia, cada ano em um circuito de rua diferente, corridas de carro com participantes de vários países.
A prova foi realizada com os mesmos veículos, do ponto de vista de engenharia e mecânico, que participavam das corridas da época. A homenagem principal foi a Benedito Lopes, piloto que ficou conhecido como o “campineiro voador” e representava o Brasil nas competições.
“Campinas sediava corrida de automóvel antes que existisse Interlagos. A gente está falando aí de 1935. A cidade foi a primeira do interior a ter um circuito de automobilismo. E ele era nesse lugar, o Circuito do Chapadão. Inclusive, para inaugurar a pedra fundamental da Torre do Castelo [um dos principais pontos turísticos da metrópole] foi promovida a corrida. Então, esse passado de automobilismo em Campinas foi até a década de 1960”, disse o organizador, Ronaldo Topete.
O público que assistiu a corrida ficou impressionado com a mudança de paisagem que os modelos antigos causaram na avenida.
“Muito interessante, muito bonito a gente voltar na história de Campinas. Pensar que isso aconteceu no passado, imagina que isso acontecia enquanto a cidade estava em desenvolvimento”, disse um dos espectadores.
O evento também contou com uma exposição de diversos carros antigos na Torre do Castelo. A mostra reuniu 40 veículos, todos com pelo menos 50 anos de fabricação. Os proprietários se dividem entre os que quiseram manter tudo original no automóvel e os apaixonados por adaptações.
“Desde a compra ele já era um carro bastante original, mas que precisava de total restauração. Então, ele foi totalmente desmontado desde o chassi, realinhado, e eu fui fazendo parte por parte idêntico ao original. Os freios são a varão, não era nem hidráulico ainda. É um capricho de querer tudo original”, disse o médico Marcos Ohswald, colecionador de um Ford Roadster, de 1929.
“Esteticamente o carro mantém bastante as características originais, mas o motor é mais moderno, com injeção eletrônica, é um carro que tem ar condicionado, direção hidráulica, para a gente poder usar o carro com mais frequência”, disse o gerente comercial Ricardo Gomide, proprietário de um Mercury Coupé, de 1949.
Parte dos frequentadores também resgatou a memória afetiva. O aposentado Alberto Brito relembrou o primeiro carro em que entrou quando chegou à cidade, um DKW Vemaget, de 1961.