Covid-19 em Campinas: 13 mortes evitáveis em 2025, alerta infectologista da Unicamp

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Cinco anos após início da pandemia, Covid-19 causa 13 mortes em Campinas em 2025: ‘Evitáveis’, diz infectologista

Médica da Unicamp defende que a doença ainda não está sob controle e que grupos de risco devem tomar a vacina para prevenir formas graves e mortes. Em cinco anos, metrópole teve 5,6 mil vidas perdidas.

Foto de arquivo de teste de Covid-19 na população com sintomas — Foto: Kleide Teixeira/Secom-JP

“Treze mortes em dois meses de verão é um número alto se pensarmos que nós temos uma doença que as formas graves são prevenidas por vacina, ou quando se faz o diagnóstico em tempo precoce para já iniciar o antiviral que tem por objetivo diminuir a chance de evolução para formas graves da doença. Óbvio que já tivemos números muito maiores, mas essas 13 mortes, vamos dizer que seriam 13 mortes evitáveis”, avalia Raquel Stucchi, médica infectologista da Unicamp.

Nesta terça-feira (11), completam-se cinco anos que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou pandemia de Covid-19, quando a doença já havia se espalhado pelos continentes e com transmissão sustentada entre as pessoas – em 11 de março de 2020, o mundo superava os 118 mil infectados e 4,2 mil mortos.

O Brasil tinha 52 casos confirmados na data, e a primeira morte ocorreria no dia seguinte a declaração de pandemia. Em Campinas, o primeiro óbito pela doença foi anunciado em 30 de março de 2020.

Dados do Painel Covid-19 mantido pelo Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), da Secretaria de Saúde de Campinas, reúnem os números de óbitos por semana desde o primeiro registro na cidade. Nas 258 semanas desde o primeiro óbito, apenas em 22 não houve registro de mortes por Covid-19 – e a última delas, foi em novembro de 2024.

Mesmo em números menores que os momentos de pico, quando Campinas chegou a contabilizar 210 vidas perdidas em uma semana pela Covid-19, em março de 2021, a doença segue matando.

“A Covid, infelizmente, não é ainda uma doença sob controle. Crianças, gestantes, idosos continuam sendo aquelas pessoas com o maior risco de agravamento da doença, e é nessa faixa etária, principalmente de idosos imunossuprimidos, que tem se concentrado uma maior mortalidade da Covid”, destaca Stucchi.

Das 13 mortes registradas em Campinas em 2025, dez vítimas tinha acima de 60 anos – as outras três tinham entre 40 e 59 anos.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Campinas destaca que mantém monitoramento permanente sobre os casos confirmados de Covid-19 (são 1,6 mil neste ano), com objetivo de “identificar eventual mudança no contexto epidemiológico”. Segundo a pasta, é “importante reforçar a importância da adoção de um conjunto de medidas para prevenção e controle pela população, que devem ser utilizadas de forma integrada”. São eles: Busca por atendimento médico em caso de suspeita (presença de sintomas gripais); Realização de testagem nos centros de saúde (CSs); Isolamento dos casos confirmados; Uso de máscaras em caso de sintomas ou suspeita; Etiqueta respiratória principalmente em ambientes fechados com aglomerações; Evitar contato com grupos de risco na vigência de sinais e sintomas da doença; Higienização das mãos com álcool 70% ou água e sabão; Além de ações para limpeza e desinfecção de ambientes.

Infectologista Raquel Stucchi, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp — Foto: Ricardo Lima

A infectologista da Unicamp reforça a importância da vacina, em especial para esse grupo de maior risco.

“A vacina não vai impedir a infecção, mas vai tentar bloquear a evolução para a forma grave da doença”, lembra.

A Secretaria de Saúde de Campinas destaca que a vacinação contra Covid-19 faz parte do calendário de rotina de crianças de 6 meses a 4 anos, idosos e gestantes. “Entretanto, também devem receber a dose pessoas que fazem parte dos grupos prioritários (com maior vulnerabilidade ou condição que aumenta o risco para formas graves da doença)”, informa.

As doses são disponibilizadas pelo Ministério da Saúde ao estado, que faz a distribuição ao município. “A Secretaria de Saúde mantém diálogo permanente com os dois governos a fim de manter o abastecimento regular de todos os imunizantes nas unidades básicas”.

Vale lembrar que o Brasil aplicou a primeira dose da vacina contra Covid-19 em 17 de janeiro de 2021. Em Campinas, a imunização foi iniciada em 12 de abril de 2021.

PREOCUPAÇÃO

Segundo a especialista, é importante que as pessoas com sintomas respiratórios, principalmente do grupo de risco, e em especial os idosos, testem para a doença e, em caso positivo, sejam submetidos a avaliação médica, pois pode haver indicação de uso de antiviral para impedir a evolução de formas graves da doença.

“Nós temos novas variantes surgindo. A Covid é uma doença que nos traz, sim, ainda preocupação e que tem alcançado um número de mortes que poderiam ser evitadas, e isso nos preocupa”, completa Stucchi.

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