CPI: Auditor da TCU diz que ”estudo paralelo” foi alterado por Bolsonaro

A CPI da Covid ouviu nesta terça-feira (17) o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, responsável pelo ”estudo paralelo” de supernotificação de mortes pela Covid-19 divulgado por Bolsonaro.

A Comissão, o auditor contou que o documento passou por edição ao chegar nas mãos de Bolsonaro e que, em nenhum momento, o estudo apresentou superestimação dos dados de mortes pelo vírus. De acordo com o auditor, o objetivo do documento era abrir um ”debate preliminar” para provocar a discussão dentro do órgão.

Em seu relato, Alexandre contou que enviou o documento em formado ”Word” e aberto para edição ao seu pai, o coronel da reserva Ricardo Silva Marques. Entretanto, o documento foi transmitido para o presidente Jair Bolsonaro sem seu conhecimento e consequentemente editado.

”A falsificação foi constatada após chegar ao presidente. Eu recebi uma versão já em ‘PDF’ (sem a possibilidade de edição) desse arquivo, com o TCU mencionado no cabeçalho. Meu pai recebeu o arquivo em ‘Word’ e mandou para o presidente. Foi usado indevidamente”, afirmou Alexandre à CPI.

Estudo paralelo

O documento veio a tona em julho deste ano durante uma a live semanal do presidente. Bolsonaro disse aos apoiadores que teve acesso a um relatório oficial da TCU onde afirmava que parte das mortes causadas pelo pandemia seriam em virtudes a outras doenças.

De acordo com o auditor, as informações foram retiradas do portal de transparência do registro civil. A partir disso, o documento preliminar foi feito com apenas duas páginas. Na oitiva, reiterou que Bolsonaro foi irresponsável ao divulgar o estudo falso. “Foi atribuído ao TCU um documento que não era oficial do órgão”, disse ele, que não soube responder quem era o responsável pela edição.

Alexandre Marques é filho do coronel da reserva Ricardo Silva Marques, que foi colega de turma de Jair Bolsonaro na Academia Militar dos Agulhas Negras. Em seu depoimento, confirmou que o pai segue com uma relação próxima ao presidente da República.

Próximos depoimentos

Antes de iniciar a sessão, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), confirmou que a acareação, marcada para amanhã, entre o atual ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e o deputado Luis Miranda (DEM-DF) foi cancelada.

Os depoimentos foram aceitados na semana passada, mas os senadores decidiram cancelar, pois julgam que não há novos fatos para investigação. Segundo Renan, a comissão está em reta final e deve acabar em setembro.

Na quinta-feira (19), o empresário Francisco Maximino, sócio da Precisa Medicamentos, será ouvido. A ida de Maximiano à CPI já foi adiada mais de uma vez, a última delas em julho. Ele conseguiu no Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus para não responder perguntas que possam incriminá-lo.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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