CPI do INSS quebra sigilo de pessoas ligadas a sindicato alvo da PF: Presidente prestará depoimento

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CPI do INSS quebra sigilos de pessoas ligadas a sindicato alvo de operação da PF desta quinta

Comissão já havia quebrado sigilos da entidade e avanço contra atual presidente, que prestará depoimento à comissão. Sindnapi tem irmão do presidente Lula entre dirigentes; Frei Chico não teve sigilos quebrados.

A CPI mista do INSS aprovou nesta quinta-feira (9) quebras de sigilos bancário e fiscal de pessoas ligadas ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi).

A entidade foi um dos alvos da operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta. A ação é mais um desdobramento das investigações sobre um esquema de descontos fraudulentos em benefícios previdenciários.

Com um irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre os dirigentes, o sindicato já teve os sigilos bancário e fiscal quebrados pela CPI em setembro. Agora, o colegiado avança contra pessoas físicas ligadas à direção do Sindnapi.

PF realiza nova etapa da operação que apura fraudes no INSS

Foram quebrados os sigilos do atual presidente do sindicato, Milton Baptista de Souza Filho, e da esposa do dirigente, Daugliesi Giacomasi Souza. Conhecido como Milton Cavalo, o chefe do Sindnapi foi alvo de busca e apreensão da PF mais cedo e prestará depoimento à CPI nesta quinta.

A comissão também aprovou a quebra dos sigilos do ex-presidente do Sindapi João Batista Inocentini, também conhecido como João Feio, morto em 2023.

Além das quebras de sigilo, a CPI também pediu ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) o envio de documentos sobre as movimentações financeiras dos três.

Irmão de Lula, o vice-presidente do sindicato, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, não foi alvo da CPI e da operação da PF desta quinta.

Em documento enviado à comissão, a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) afirma que, entre 2020 e 2025, o Sindnapi foi o terceiro maior destinatário dos descontos associativos debitados nas folhas de aposentados e pensionistas. Os dados apontam que, no período, a entidade recebeu cerca de R$ 507,5 milhões.

Após a operação desta quinta, o Sindnapi afirmou que “comprovará a lisura e legalidade de sua atuação”.

O sindicato declarou que foi surpreendido com a ação da PF e disse não ter tido acesso ao inquérito.

“[O Sindnapi] reitera seu absoluto repúdio e indignação com quaisquer alegações de que foram praticados delitos em sua administração ou que foram realizados descontos indevidos de seus associados”, afirmou.

Endereços do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) são alvo da Polícia Federal nesta quinta-feira (9). – Foto: Montagem/de/Reprodução/GoogleMaps e PF

OUTRAS DELIBERAÇÕES

Os deputados e senadores da comissão também aprovaram nesta quinta a convocação do lobista Danilo Trento. Ainda não há data para o depoimento.

Trento é investigado por relação com fraudes na Previdência. Investigações conduzidas pela PF apontam que ele tem ligação com o ex-procurador-geral do INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, afastado do cargo por determinação da Justiça Federal.

A PF afirma que, em novembro de 2024, Danilo Trento pagou passagens aéreas para Oliveira Filho. Câmeras de segurança mostram a dupla no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Para parlamentares da CPI, Trento e o ex-procurador do INSS utilizaram áreas restritas do aeroporto, o que indica “possíveis articulações para facilitar o transporte de valores relacionados a propinas”.

Além do envolvimento com as fraudes no INSS, Danilo Trento também esteve no centro das investigações da CPI da Covid no Senado. Ele foi investigado por um esquema de superfaturamento na venda de uma vacina indiana contra a Covid-19.

A CPI aprovou a convocação de Eric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS André Fidelis. Segundo as investigações, o ex-dirigente da Previdência teria recebido R$ 5,2 milhões por meio de empresas vinculadas ao escritório de advocacia do filho.

O colegiado também convocou a depor Anne Carolline Wilians Vieira, empresária e esposa do advogado Nelson Wilians. Wilians é tratado pela PF como um dos braços do esquema que desviou recursos de aposentados e pensionistas.

A Polícia Federal identificou conexão financeira entre Wilians e o empresário Maurício Camisotti, apontado como sócio oculto de uma entidade que realizou descontos irregulares.

A comissão também pediu ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) o envio de documentos sobre as movimentações financeiras da esposa de Nelson Wilians.

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