Cresce número de mortes de mulheres vítimas de violência doméstica em Goiás

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Casos de mulheres mortas em decorrência de violência doméstica aumentaram 22% em Goiás, no comparativo de 2020 e 2021 realizado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). No ano passado, foram registradas 54 vítimas, enquanto em 2020, foram 44 ocorrências.

De forma geral, os índices de violência doméstica no estado também aumentaram, contabilizando 37.583 casos apenas em 2021. De acordo com a delegada, Cybelle Tristão, que atua na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Aparecida de Goiânia, a elevação destes números pode estar atribuída ao machismo estrutural.

“Nós podemos atribuir este aumento ao fato das mulheres estarem realmente dizendo não e reagindo a essa violência. E o homem não está acostumado a ouvir não. Nós estamos em uma sociedade machista, esse machismo ainda, infelizmente, está enraizado na nossa convivência, no dia a dia”, relatou a delegada.

Ainda de acordo com ela, a falta de políticas públicas, voltada para o acolhimento dessas mulheres, também é um fator que contribuiu para o aumento da violência doméstica.

“A falta de políticas públicas relacionadas à mulher, acaba interferindo também nesta questão de aumento na violência. Nós precisamos de investimento nesta área. Precisamos dar às mulheres realmente condições para que elas possam se sustentar, sobreviver sem a dependência deste relacionamento. Para que ela possa se livrar deste relacionamento abusivo, destrutivo, que pode levar ao feminicído”, reforçou Cybelle.

Pandemia

Conforme a delegada, apesar do período crítico da pandemia ter levado ao um ‘boom’ de aumento de casos de violências contra mulheres, adolescentes e idosos, ela não deve ser a culpada pelo aumento da violência.

“A pandemia escancarou algo que já vinha acontecendo.E que talvez o estado não divulgava. Com a pandemia, nós não podemos dizer que quem não era violento se tornou violento. A pandemia é um fator acelerador da violência”, explicou Cybelle.

Portanto, conforme a delegada, o “fim” da pandemia não deve diminuir a violência, “porque a causa da violência não é a pandemia.

Mesmo com o tema em alta nos últimos dois anos, as mulheres ainda só procuram a delegacia quando a violência tomou grandes proporções. Ainda de acordo com a delegada, nem todas percebem os sinais da violência ou que estão vivendo em um relacionamento abusivo.

“A violência dá sinais, às vezes até sutis, mas é uma violência. Quando aquele relacionamento é abusivo, um ciúme excessivo, proibição da liberdade de ir e vir, proibição de ter contato com pessoas, amigos, família, usar determinado tipo de roupa, e a mulher só deixar para procurar a delegacia quando os atos de violência já aconteceram de maneira reiterada”, afirma a delegada.

Em relação a A Lei Maria da Pena, Cybelle ressalta que é uma das melhores leis do mundo, em relação à proteção das mulheres. Mas ainda é necessário atitudes governamentais e políticas públicas para transformar de fato “essa lei em efetiva, real, uma lei eficaz, que traga resultados para as nossas mulheres”.

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Agrodefesa apreende 10 mil embalagens de agrotóxicos armazenadas de forma irregular

A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), em parceria com a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais (DERCR), deflagrou, na última terça-feira, 17, em Trindade e Paraúna (GO), a Operação Terra Limpa.

A ação resultou na apreensão de mais de 10 mil embalagens vazias de agrotóxicos que estavam armazenadas de forma irregular, em desacordo com legislações ambiental e de defesa agropecuária vigentes.

As embalagens foram encontradas em diferentes estados de processamento — algumas prensadas, outras trituradas —, e estavam em condições inadequadas de armazenamento. Também foi descoberto um caminhão carregado com embalagens vazias.

Os profissionais envolvidos na operação identificaram que os materiais eram triturados para reciclagem, porém a destinação final das embalagens não cumpria as normas legais de devolução de embalagens vazias de agrotóxicos.

Os materiais apreendidos – que totalizaram seis caminhões com produtos – foram enviados para a Associação Goiana de Empresários Revendedores de Produtos Agropecuários (Agerpa), localizada em Goiânia, e para a Associação dos Distribuidores de Produtos Agrícolas de Rio Verde (Adirv) para pesagem e destinação final.

Essas associações são unidades que representam os estabelecimentos comerciais de insumos agrícolas, autorizadas a recepcionar e dar a correta destinação final das embalagens vazias – que passam por tríplice lavagem pelos produtores -, ou ainda daquelas que podem conter resíduos de agrotóxicos.

Segundo a gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Daniela Rézio, os fiscais estaduais agropecuários e os agentes da Polícia Civil apuraram ainda que a intenção do proprietário do estabelecimento era desviar as embalagens para recicladoras clandestinas.

“É importante destacar que o processo legal de reciclagem de embalagens vazias de agrotóxicos é de competência do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV). A instituição é responsável pela gestão da política reversa das embalagens vazias de agrotóxicos e nós, da Agrodefesa, estamos inseridos nesse processo como responsáveis por orientar os produtores e fiscalizar o cumprimento da obrigatoriedade legal do correto armazenamento e devolução das embalagens vazias”, informa.

Penalidade

Além da apreensão do material, o responsável pelo estabelecimento foi detido pela Polícia Civil e autuado pelos fiscais da Agrodefesa. De acordo a com legislação federal e estadual de agrotóxicos, a previsão é que esse tipo de infração tenha penalidades administrativa e criminal, com multas que podem chegar a R$ 50 mil, além de pena de reclusão, de dois a quatro anos.

O presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, reforça que esse tipo de prática de descarte e armazenamento irregular de embalagens de agrotóxicos vazias, além de ser crime, coloca em risco o meio ambiente, a saúde pública e a economia no Estado.

“Pode trazer sérios danos para a população e afetar toda uma cadeia produtiva. Por isso, casos como esses devem ser denunciados aos órgãos competentes para que as medidas de prevenção e repressão sejam tomadas o mais rápido possível”.

Denúncia

A operação foi realizada a partir do trabalho inicial de apuração feito em Paraúna (GO) por fiscais estaduais agropecuários da Unidade Regional Rio Verdão da Agrodefesa. No município, os profissionais identificaram desvios, processamento e envio de embalagens de agrotóxicos para Trindade.

O coordenador da UR Rio Verdão, Giovani Miranda, destaca que a partir disso foi possível a identificação dos receptadores e a localização do galpão em que o processamento clandestino das embalagens acontecia.

“Essas medidas possibilitaram à Delegacia de Crimes Rurais a apreensão de outras quatro cargas nesse mesmo depósito”, informa.

Participaram da ação fiscais estaduais agropecuários das Unidades Rio dos Bois e Rio Verdão, e da Gerência de Fiscalização Agropecuária, sob coordenação da Gerência de Sanidade Vegetal, além de agentes da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais (DERCR).

Destinação correta de embalagens de agrotóxicos

Em Goiás, são 13 associações credenciadas pelo inpEV, que juntas são responsáveis pela gestão em 27 Unidades de Recolhimento de Embalagens Vazias (UREV), devidamente cadastradas na Agrodefesa, sendo 17 Postos e 10 Centrais, localizadas nos seguintes municípios:

Acreúna, Anápolis, Bom Jesus, Catalão, Ceres, Cristalina, Formosa, Goianésia, Goiânia, Iporá, Itaberaí, Itumbiara, Jataí, Luziânia, Mineiros, Morrinhos, Paraúna, Piracanjuba, Porangatu, Quirinópolis, Rio Verde, Santa Helena de Goiás, Vianópolis e Vicentinópolis.

Os empresários que utilizam agrotóxicos, ao concluírem a aplicação, devem realizar a tríplice lavagem, armazenamento adequado e a devolução das embalagens vazias, suas tampas e eventuais resíduos pós-consumo dos produtos aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, de acordo com as instruções previstas nas respectivas bulas, no prazo de até um ano, contado da data de compra, ou da data de vencimento.

A devolução pode ainda ser intermediada por postos ou centrais de recebimento, bem como por ações de recebimento itinerantes, desde que autorizados e fiscalizados pelo órgão competente, nesse caso em Goiás, pela Agrodefesa, com a gestão sob responsabilidade do inpEV junto às suas associações de revendas credenciadas.

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