Turista que se perdeu em praia por seis horas na infância recorda ‘trauma’
familiar após 14 anos
Família procurou por criança desaparecida por seis horas. Caso ocorreu em Santos
(SP), 14 anos atrás, mas ainda emociona mãe.
Théo tinha cinco anos quando se perdeu na praia de Santos (SP) e
desesperou família — Foto: Arquivo pessoal e Alexsander Ferraz/Jornal A Tribuna
(Imagem ilustrativa)
Anos depois, uma experiência traumática ainda emociona uma mineira que escolheu
o litoral de São Paulo para passear com a família em janeiro de 2010. Aos cinco
anos de idade, o filho da psicopedagoga Lívia Lima, de 46, desapareceu por seis
horas enquanto andava sozinho pela praia de Santos (SP). Apesar do susto, ele
foi encontrado e o caso teve um final feliz.
Lívia explicou ao DE que o ex-marido é paulista e os dois filhos também nasceram
em São Paulo. A família vivia em Mairinque, no interior, quando decidiu ir à
praia no começo do ano. Ela foi para a água com os meninos enquanto o pai deles
ficou na areia, embaixo de um guarda-sol.
Em determinado momento, o pequeno Théo disse que não queria mais ficar ali pois
tinha medo do mar. Acompanhada dos dois, ela voltou e deixou o menino com o pai.
Pouco depois, o garoto disse ao pai querer voltar para a mãe e saiu em direção a
ela, mas eles não se encontraram novamente.
Atualmente, Theo está com 19 anos e cursa Filosofia na Universidade de Brasília
(UNB). Apesar da passagem do tempo, a experiência o marcou tanto que ele se
lembra de relances do dia em que se perdeu na praia.
Ao DE, o jovem contou que “foi andando, andando, andando” com uma toalha molhada
na cabeça para combater o sol.
Lívia definiu a experiência como um trauma. Enquanto ela achou que o filho
estava com o ex-marido, o ex-marido achou o mesmo. “Eu acredito que ele tenha
perdido a direção, porque a praia confunde a gente, mesmo. Confunde o mar, a
areia, as pessoas”, afirmou, dizendo ter se sentindo culpada.
Três horas após o desaparecimento, um bombeiro deixou Lívia angustiada ao
alertar que o menino poderia aparecer morto. “Olha, preciso ser muito sincero
com a senhora. Os helicópteros estão procurando no mar. Porque não é normal uma
criança ficar desaparecida mais de três horas na praia”.
A psicopedagoga ficou ainda mais angustiada, mas após mais três horas Theo
apareceu. Os bombeiros levaram o ex-marido dela na viatura até o posto onde ele
estava. Segundo Lívia, o filho andou por 11 quilômetros na praia, contou ter
“brincado” com um caranguejo e entrado em barracas.
Como psicopedagoga, Lívia reconhece que é fácil se distrair com coisas
aleatórias nessa faixa etária. “Criança você tem que pegar pela mão, você tem
que levar, você tem que trazer, você tem que estar atento, porque é perigoso”.
O conselheiro tutelar Anderson Paixão listou algumas orientações para um passeio
seguro com crianças. Veja abaixo:
✅Vigilância constante: Crianças devem estar sempre sob supervisão direta de um
adulto em ambientes comerciais. Estabelecimentos grandes, como shoppings e
supermercados, podem ser locais de risco para desaparecimentos ou acidentes
✅Conversa e orientação: Antes de sair de casa, converse com a criança sobre a
importância de não se afastar. Oriente-a sobre o que fazer caso se perca, como
procurar um funcionário do estabelecimento ou ficar em um ponto fixo, como um
balcão de informações
✅Identificação visível: Coloque uma identificação visível na criança, com nome e
telefone de contato dos pais ou responsáveis. Essa pode ser uma medida útil caso
a criança se perca
✅Evite multidões: Em dias de grande movimento, como promoções ou feriados, a
chance de acidentes ou desencontros aumenta. Redobre a atenção e, se possível,
evite esses períodos para sair com crianças
✅Cuidado com estranhos: Ensine a criança a não falar com estranhos ou aceitar
ajuda de pessoas desconhecidas. Oriente-a a pedir ajuda apenas a funcionários
identificados do estabelecimento.
Quem frequenta as praias de Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo,
certamente já viu pessoas batendo palmas em coro sem motivo aparente. A
estratégia surgiu da iniciativa Anjos do Verão, que visa ao encontro de crianças
perdidas.
Com o avanço das redes sociais e aplicativos de mensagem, a iniciativa ampliou
seu alcance e já estimula a prática em outras praias brasileiras e de fora do
país. Na página oficial, o cidadão pode anunciar caso uma criança tenha se
perdido em uma praia para conseguir alcance.