Última atualização 05/12/2022 | 17:09
É só olhar ao redor para perceber que há mais crianças usando óculos. As estimativas apontam que 20% dos jovens em idade escolar têm problemas visuais. Os dados fazem ainda mais sentido se considerada a quantidade de prescrição médica do acessório para os pequenos. Os números triplicaram em cinco anos entre os pequenos de 6 a 8 anos de idade e devem aumentar em outras faixas etárias já que a Academia Americana de Oftalmologia (AAO) prevê que metade da população mundial terá miopia até 2050.
Nos consultórios, os oftalmologistas observam que o hábito de os pequenos ficarem constantemente expostas às telas atrapalha o desenvolvimento ocular. A dificuldade de enxergar de longe é o problema mais comum de saúde pública em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). As estatísticas mostram que 1% das crianças de até cinco anos de idade apresentam essa alteração na visão. A porcentagem aumenta para 8% no público infantil de dez anos de idade e alcança 15% entre os adolescentes de 15 anos de idade.
A miopia está se tornando uma epidemia, principalmente entre elas. Cerca de 70% dos médicos entrevistados em um estudo do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) notaram o panorama entres os menores de idade pelo excesso de telas. O erro refrativo ocorre com o uso excessivo de telas porque os aparelhos ficam próximos aos olhos durante muito tempo e exige esforço constante de acomodação ocular pelo músculo dos olhos para “capturar” a imagem.
Os sintomas de anormalidades incluem dor de cabeça, sensação de cansaço visual, sensação de coceira nos olhos e sensação de olhos arranhando, olho seco, vermelhidão, embaçamento visual ao final do dia, flutuação da visão e alteração do sono.
“Passamos a piscar menos, o que dificulta a renovação do canal lacrimal. Os óculos de filtro de luz azul estão na moda para tentar coibir a tendência. Teoricamente, o comprimento de luz azul emitido por telas seria mais prejudicial aos olhos. Nenhuma evidência científica, no entanto, comprova que o uso desse recurso traga benefícios para a saúde ocular”, diz o oftalmologista Bruno Rodrigues.
O brilho das telas, especialmente à noite, pode também desregular o chamado ciclo circadiano, responsável pela variação nas funções biológicas em 24 horas, e a produção da melatonina, o hormônio do sono. “É preciso estimular práticas ao ar livre e práticas esportivas para que a criança trabalhe mais a visão de longe em ambientes com iluminação solar. Isso evita o aparecimento e progressão da miopia e ajuda no desenvolvimento normal da visão. A estratégia para as pessoas mais velhas terem relaxamento da visão seria olhar para longe através de uma janela, observando e piscando mais, por exemplo”, sugere Bruno.
A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é que as crianças de até dois anos não sejam expostas à telas. Entre dois a cinco anos de idade a sugestão é limitar em apenas uma hora por dia. Para aquelas entre seis e dez anos, o ideal seriam duas horas por dia. Para os adultos, o ideal são pausas ao longo da rotina diária. As consultas oftalmológicas anuais para avaliar a saúde ocular também são importantes, inclusive para verificar a necessidade de uso de óculos e identificar outras possíveis doenças.