Crianças são encontradas desnutridas após irmão ser levado morto ao hospital

crianças

Duas crianças, de 6 e 9 anos de idade, estão internadas em um hospital por desnutrição após terem sido encontradas em cárcere privado. Eles teriam ficado três dias sem comida. Uma vizinha da casa denunciou o caso e afirmou que o local estava sujo, com “tudo podre”, vasilha com bichos e colchão no chão. Um tio dos menores, que mora em Goiás, viajou até Belo Horizonte para acompanhar os sobrinhos. Os garotos estavam no imóvel trancado com cadeado e correntes na cidade de São Joaquim de Bicas.

 

“Essa porta aqui (disse apontando para um outro cômodo do local) tivemos que arrombar para ver se tinham mais crianças aqui. Estava fechada e foi chocante, porque aqui estavam todos os brinquedos, na parte trancada. Eles estavam ali, com o colchão, e os brinquedos lá do outro lado, nem brinquedo a maldita deixava para eles”, disse a vizinha Poliana Pereira ao jornal O Tempo. 

 

A denunciante afirmou que o sobrinho dela passeava de bicicleta na rua quando uma das crianças abandonadas pediu comida. O garoto contou para Poliana, que foi até a casa e encontrou os pequenos. O menino teria pedido churrasco para ele e para o irmão.” Pedi para ele abrir a porta, e ele falou que podia ser por ali mesmo. Falei que a vasilha não cabia no buraco. Ele, então, sugeriu que eu colocasse em uma sacolinha e disse ‘eu estou com muita fome, me dá churrasco’ “,  relata. Segundo a mulher, a criança repetiu o pedido por comida à noite. A dupla informou que a avó os acompanhava, mas desconfiou. 

 

A mãe está presa desde o início de fevereiro, quando levou o filho menor, de 4 anos, a uma unidade de saúde. Ele estava desmaiado e chegou ao local morto.  O garoto apresentava lesões no olho, inchaço no pé e queimaduras no tornozelo. As diversas versões ditas pela mulher, que tem 30 anos, e incoerência com os machucados pelo corpo chamou atenção dos profissionais de saúde. O caso foi reportado na delegacia e o caso está sendo investigado.

 

Trama

 

Segundo os advogados dela, o caso envolve tráfico humano, trabalho análogo à escravidão, abuso sexual, cárcere privado e homicídio. Eles alegam que a mulher foi vítima de aliciamento para emprego de serviços pesados e ainda teria sido violentada sexualmente. A suspeita apresenta marcas de agressão pelo corpo. Ela teria informado aos defensores que uma senhora chamada Terezinha e um comparsa chamado Diego teriam separado a família ao chegar na capital mineira já na rodoviária. O grupo era formado por ela, que estava grávida, o marido e outros três filhos pequenos. Além dessas crianças, há uma outra. Duas delas, de 1 e 2 anos, estão em um abrigo. O pai biológico deles morreu de covid em 2020.

 

Pedido

 

Ela enviou uma carta para o irmão sugerindo que ele requisite à Justiça a guarda das crianças, mas o orientou a tomar cuidado porque teme que a mesma quadrilha que a violentou, cometa algum crime contra ele. A mãe dos pequenos recomenda ainda que o homem não tenha contato com uma mulher que se apresentou como advogada dela, já que seria alguém indicado pelos supostos criminosos.  

 

“Me perdoa por tudo que está acontecendo”, disse. “Proteja os meninos por favor, se você pode cuidar deles, pois não sei quando sairei daqui. Por favor não fica com a  ***** nem em casa de estranhos e se você quiser a guarda deles, pode pedir que eu assino para você”, escreveu.

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