Crianças sem nome do pai no registro de nascimento aumentam em Goiânia

pai

O nome da mãe e do pai no registro de nascimento diminuiu proporcionalmente em todo o País. A quantidade de documentos dentro da categoria de pais ausentes, quando consta somente o nome da mãe, aumenta o risco de abandono material, afetivo e intelectual, além de engrossar as estatísticas de mães solo em Goiânia, em Goiás e em nível nacional. O Centro-Oeste tem os menores índices no ranking regional.

Na capital goiana, a média de bebês nessa condição saltou de 4,6% para 4,7% do total de nascidos entre o ano passado até 22 de dezembro deste ano. Os dados referentes a Goiás mostram aumento de 5,6% para 5,9% no mesmo período comparado ao número geral de crianças nascidas, enquanto no Brasil foi de 6,1% para 6,4%. As informações foram extraídas do Portal da Transparência do Registro Civil.

 

Total de registros de nascimentos com pais ausentes:

 

BRASIL GOIÁS GOIÂNIA
2022 2021 2022 2021 2022 2021
160.749  162.756  4.500 4.543 1.062 1.035

 

Para muitos especialistas, a sociedade patriarcal e o machismo são as principais explicações para a negação de paternidade. Esses dois sistemas consideram a mulher inferior ao homem, que tem mais privilégios, por isso haveria maior concentração de responsabilidade do cuidado com os filhos para elas. Existem ainda peculiaridades, a exemplo de quando o homem mora em outra cidade, Estado ou no exterior.

Outra realidade é a de Helena, nome fictício de uma garota de seis anos que é filha da diarista Carla. Quando ela nasceu, o pai havia perdido os documentos pessoais necessários para a emissão do registro da bebê e a possibilidade de regularizar a situação foi descartada algum tempo depois.

“Helena só tem meu sobrenome. Vai ficar assim mesmo porque eu não tenho coragem de ver ele de novo. Eu não quero problemas com ele”, afirma Carla.

O casal se separou após agressões físicas e ameaças de morte do ex-marido à mulher. Agora, ela tem medo e sequer cogita buscar a regularização por receio de ter de reencontrá-lo pessoalmente, mesmo sabendo da possibilidade de designar um procurador judicial. Ela não quer que o  homem descubra onde ela e os outros filhos do casal estão morando.

“Esse cenário de pais ausentes tem múltiplas explicações. Há pais que não sabem que têm filhos, que não os reconheceram voluntariamente, que às vezes não estiveram presentes no nascimento. Há também pais que faleceram antes e as pessoas não tiveram a compreensão e o entendimento de que podem fazer constar“, detalhou o defensor público-geral do estado de Goiás e coordenador nacional da campanha Meu Pai Tem Nome, Domilson Júnior, em entrevista à Agência Brasil.

Trâmite

A situação pode ser mudado por meio de um pedido de reconhecimento de paternidade, um direito previsto em lei a partir da indicação de um suposto pai biológico. Se ele não se negar, a documentação é retificada com a inclusão do nome dele – esse trâmite vale independentemente da idade do filho. Caso ele conteste, é necessário fazer um teste de DNA. A filiação garante benefícios como a condição de herdeiro e ainda pensão alimentícia quando se trata de menor de idade e de pessoa com invalidez.

Quem ama cuida

Uma situação com cada vez mais adeptos é a chamada paternidade socioafetiva. Ela ocorre especialmente quando a mãe se casa novamente e o novo parceiro assume as responsabilidades com o filho da companheira criando laços além do sanguíneo. Nessa modalidade, a lei permite a inclusão do nome do pai no registro de nascimento mesmo sem vínculo biológico com apenas uma ida ao cartório onde o casal pode fazer a solicitação. Antes, no entanto, o cartorário verificará aspectos como, inscrição do “futuro” filho em plano de saúde, por exemplo, comprovará se todos residem na mesma casa e se o pai socioafetivo e se a mãe biológica vivem um casamento ou união estável).

Busca ativa

Há dez anos, o Ministério Público de Goiás (MPGO) promove o projeto “É Legal Ter Pai”.  A iniciativa é voltada para a garantia do direito à paternidade por meio da atuação judicial e extrajudicial gratuita da instituição. A ampliação da atuação está sendo possível com o contato dos promotores pelo whatsapp (62 9.9418.9573) com as mulheres cujos filhos não possuem o nome do pai nas certidões, indicadas pelos cartórios de registro civil nas maternidades.

 

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Ponte TO-MA: Agência irá avaliar qualidade da água de rio após queda de ponte

A Agência Nacional de Águas (ANA) anunciou nesta terça-feira, 24, que está avaliando a qualidade da água no Rio Tocantins, na área onde desabou a ponte Juscelino Kubitschek, entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). Essa medida se justifica devido à informação de que alguns dos caminhões que caíram no rio após a queda da ponte carregavam pesticidas e outros compostos químicos.

O foco das análises está no abastecimento de água a jusante (rio abaixo) a partir do local do acidente. A ANA, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão, vai determinar os parâmetros básicos de qualidade da água e coletar amostras para as análises ambulatoriais. O objetivo é detectar os principais princípios ativos dos pesticidas potencialmente lançados na coluna d’água do rio Tocantins.

As notas fiscais dos caminhões envolvidos no desabamento apontam quantidades consideráveis de defensivos agrícolas e ácido sulfúrico na carga dos veículos acidentados. No entanto, ainda não há informações sobre o rompimento efetivo das embalagens, que, em função do acondicionamento da carga, podem ter permanecido intactas.

Devido à natureza tóxica das cargas, no domingo e segunda-feira, 23, não foi possível recorrer ao trabalho dos mergulhadores para as buscas submersas no rio. O Corpo de Bombeiros do Maranhão confirmou nesta terça-feira, 24, a morte de quatro pessoas (três mulheres e um homem) e o desaparecimento, até o momento, de 13 pessoas.

Sala de crise

Na quinta-feira, 26, está prevista a reunião da sala de crise para acompanhamento dos impactos sobre os usos múltiplos da água decorrentes do desabamento da ponte sobre o rio Tocantins. Além da própria ANA, outros órgãos participam da sala de crise, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Ministério da Saúde.

O Dnit está com técnicos no local avaliando a situação para descobrir as possíveis causas do acidente. Segundo o órgão, o desabamento foi resultado porque o vão central da ponte cedeu.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp