Crime da 113 Sul: STJ anula condenação de Adriana Villela por triplo homicídio; juiz revalida provas para novo júri.

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Crime da 113 Sul: juiz do DF revalida provas obtidas até o começo do júri popular de Adriana Villela

Material servirá de base para juiz decidir se arquiteta, apontada como mandante das três mortes em 2009, irá a novo júri popular. STJ anulou condenação anterior no início do mês.

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Crime da 113 Sul: quem é Adriana Villela, acusada de mandar matar os próprios pais

A Justiça do Distrito Federal revalidou, nesta terça-feira (30), as provas reunidas até o começo do júri popular no caso que ficou conhecido como “Crime da 113 Sul”.

No começo do mês, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou o tribunal do júri e a condenação da arquiteta Adriana Villela, apontada como a mandante do crime.

>>> veja mais detalhes sobre o crime e a condenação anulada ao longo desta reportagem

Naquela decisão, o STJ disse que o caso voltaria à primeira instância – e que caberia ao novo juiz do caso definir se as provas reunidas até o começo do júri popular seriam anuladas ou mantidas.

A decisão de revalidar o material é do juiz substituto Heversom D’Abadia Teixeira Borges, do Tribunal do Júri de Brasília.

‘Crime da 113 Sul’: STJ anula condenação de Adriana Villela por triplo homicídio [https://s03.video.glbimg.com/x240/13895322.jpg]

‘Crime da 113 Sul’: STJ anula condenação de Adriana Villela por triplo homicídio

> “[…] RATIFICO [confirmo] as provas produzidas durante a instrução processual realizada na primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, as quais integrarão o conjunto probatório a ser examinado por ocasião da nova decisão de encerramento da primeira fase do procedimento especial (pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária)”, diz a decisão.

Ou seja: os documentos, vídeos e depoimentos reunidos durante a fase de instrução do caso, antes do envio ao júri popular, serão usados como base para uma nova decisão judicial.

A partir dessas provas, caberá ao Tribunal do Júri de Brasília decidir se envia Adriana Villela a um novo júri popular – essa decisão é chamada de “pronúncia”, no jargão jurídico.

Na decisão desta terça, o juiz Heversom D’Abadia Teixeira Borges também dá prazo de 10 dias para que a defesa de Adriana Villela:

* diga se quer produzir novas provas a partir dos depoimentos dos executores do crime, já condenados – e que descrevem Adriana como a mandante das mortes;
* e se manifeste sobre as outras provas existentes no processo.

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CRIME DA 113 SUL

O crime ocorreu em 28 de agosto de 2009, no sexto andar do bloco C da 113 Sul, quadra nobre de Brasília. No local, residiam José Guilherme Villela e sua esposa, Maria Villela.

Os dois formavam um renomado casal de advogados, responsáveis por um escritório que atendia o mais alto escalão da capital federal, incluindo ex-presidentes e ministros.

Foram mortos a golpes de faca:

* José Guilherme Villela, 73 anos, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), morto com 38 facadas;
* Maria Carvalho Mendes Villela, 69 anos, advogada, morta com 12 facadas;
* Francisca Nascimento da Silva, 58 anos, morta com 23 facadas. Ela trabalhava como empregada doméstica da família.

Maria Carvalho Mendes Villela e José Guilherme Villela, mortos em 2009 em apartamento na Asa Sul — Foto: Arquivo pessoal

A DINÂMICA DO CRIME — SEGUNDO OS EXECUTORES

De acordo com investigações da polícia e relatos dos executores, as mortes teriam acontecido por volta das 19h15 da noite de 28 de agosto de 2009.

Três homens foram condenados pela execução do crime:

* Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio onde o casal Villela morava: condenado em 2013 a 60 anos de reclusão;
* Francisco Mairlon Barros Aguiar: condenado em 2013 a 55 anos de reclusão;
* Paulo Cardoso Santana, sobrinho de Leonardo: condenado em 2016 a 62 anos de reclusão.

Em depoimentos, Leonardo disse que foi contratado por Adriana para simular um assalto na casa dos pais dela. Ele já tinha trabalhado como porteiro do Edifício Leme e conhecia o casal Villela.

O ex-porteiro Leonardo Campos Alves — Foto: Reprodução/TV Globo

FILHA É APONTADA COMO MANDANTE

Os executores, presos em 2010 e condenados em 2013 (Leonardo e Francisco) e em 2016 (Paulo), afirmam que mataram o casal após ordens de Adriana –que os contratou por cerca de 27 mil dólares e joias.

O crime teria sido motivado por desavenças financeiras. As investigações mostram ainda troca de mensagens entre a arquiteta e os pais, que reclamavam do “temperamento agressivo” da acusada e das cobranças por dinheiro.

Adriana Villela foi denunciada pelo Ministério Público do DF como mandante da execução dos próprios pais. Ela chegou a ser presa duas vezes de forma preventiva devido às investigações do crime, mas foi liberada.

Adriana nega as acusações e acusa o trio de latrocínio, versão essa que chegou a ser dada por Leonardo em seus primeiros depoimentos.

No quinto depoimento à Polícia Civil, Leonardo apresentou uma nova versão e disse que Adriana tinha sido a mandante. Os vídeos desses depoimentos, tornados públicos no documentário do Globoplay, levantam dúvidas sobre a condução dessas oitivas – e foram o motivo da anulação da condenação.

REVIRAVOLTA NA JUSTIÇA

A condenação de Adriana foi anulada no ndia 2 de setembro pelo Superior Tribunal de Justiça. Com isso, o caso retrocede e pode inclusive passar por um novo julgamento.

Os ministros acataram o argumento de que houve cerceamento da defesa de Adriana Villela porque parte dos depoimentos colhidos pela polícia só foi apresentada durante o julgamento.

Com a decisão, Adriana voltou a ser ré pelos crimes.

Infográfico – Veja linha do tempo do Crime da 113 Sul na Justiça — Foto: Arte/g1

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