Crime organizado escolheu Goiás há 2 anos, diz Balestreri

O secretário de Segurança Pública Ricardo Balestreri disse ontem que o crime organizado se instalou em Goiás há dois anos e que as rebeliões que aconteceram no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia nos últimos dias são orquestradas pelo crime organizado. “Temos recebido farto material. Este é um novo tipo de crime, que é a atividade mais lucrativa do planeta”, disse. A escolha de Goiás, segundo o secretário, aconteceu porque “Goiás é o estado geoestratégico que, pela localização e próximo ao Distrito Federal, tem sido alvo de uma intensa operação de crime organizado. Este é fenômeno profundamente articulado e poderoso”.

Balestreri falou sobre as rebeliões ontem cedo, durante a posse do novo diretor-geral de Administração Penitenciária, coronel Edson Costa, e do tenente-coronel Newton Castilho, que assumiu a Superintendência Executiva da Secretaria de Segurança Pública. Sem citar os nomes das duas facções criminosas que disputam território e mercado em Goiás, o secretário frisou que a guerra é por mercado do tráfico de drogas e de armas.

Há dois anos, a SSP tem monitorado a ação do Primeiro Comando da Capital (PCC) em presídios do interior do Estado, principalmente em regiões de fronteira com outros estados e com o Distrito Federal. Um núcleo da facção paulista também foi observada dentro da Penitenciária Odenir Guimarães (POG), no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Em oposição a ação do PCC, um núcleo forte do Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, se instalou na POG.

A rebelião do primeiro dia do ano teria sido resposta do PCC a morte de um de seus líderes dentro da POG no ano passado em uma ação do CV, embora presos do regime fechado ligados às duas facções criminosas neguem ligação com as rebeliões e tentativas de rebelião ocorridas este ano na Colónia Agroindustrial do Regime Semiaberto, que deixou saldo de nove mortos, 14 feridos e centenas de foragidos.

Balestreri revelou ontem que monitorando as conversas telefônicas entre membros do PCC, eles dizem que precisam enfrentar dois adversários em Goiás. O primeiro seria o grupo rival, o Comando Vermelho, e em segundo lugar, o Estado, que eles afirmam que atrapalha o negócio deles. Goiás seria o estado que mais atrapalha o negócio deles, já que conseguiu no último ano a redução de todos os índices criminais por força de operações policiais bem planejadas.

Ele engrossou o discurso do governador Marconi Perillo sobre a falta de ajuda do governo federal na gestão da crise no sistema prisional brasileiro. “O governo federal nunca forneceu recursos suficientes para a segurança publica e no sistema penitenciários nos estados. Os R$ 32 milhões que enviaram para Goiás estão sendo bem utilizados”. Balestreri disse ainda que a criação da Diretoria-Geral é o projeto mais ousado na área de segurança pública e de sistema prisional dos últimos anos em Goiás e que vai resolver os problemas do setor a médio prazo.
Na prática, o ex-secretário nacional de Segurança Pública ganha uma queda de braço com o vice-governador José Éliton. Balestreri sempre defendeu a separação da Secretaria de Segurança Pública da Administração Penitenciária, sob o argumento de que quem prende não pode custodiar o preso. O vice-governador queria manter as duas administrações juntas. Balestreri comemorou ontem a vitória. “Entrego os problemas para o coronel Edson”, brincou.

O governo do Estado pretende fazer um levantamento de quantos presos federais são custodeados em Goiás para cobrar a “conta” do governo federal. Outra medida que deve ser adotada para conter crises do sistema prisional anunciada por Balestreri ontem foi a criação de um regime mais rígido para detentos de alta periculosidade que devem ficar presos em presídios regionais nos municípios de Anápolis, Formosa, Novo Gama, Águas Lindas de Goiás e em Planaltina.

 

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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