Crime organizado fatura R$ 146 bilhões em negócios legais no Brasil, diz Fórum de Segurança Pública
Dados foram apresentados pelo presidente da instituição, Renato Sergio de Lima, ao ministro da Economia, Fernando Haddad, nesta sexta (6), em encontro no gabinete do Ministério da Fazenda em SP.
Operação no Rio de Janeiro contra o crime organizado em 3 de dezembro — Foto: Reprodução/TV Globo
Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) aponta que o crime organizado faturou ao menos R$ 146,8 bilhões no ano de 2022 com a exploração do tabaco, ouro, combustíveis e bebidas — produtos do comércio legal.
Os dados foram apresentados pelo presidente da instituição, Renato Sérgio de Lima, ao ministro da Economia, Fernando Haddad (PT), na manhã desta sexta-feira (6), durante encontro no gabinete do Ministério da Fazenda em São Paulo.
A reunião aconteceu em meio à crise na segurança pública do Estado de São Paulo, após casos de letalidade policial e abuso de autoridade virem à tona nos últimos dias. (Leia mais abaixo.)
Segundo o presidente da FBSP, as organizações criminosas, principalmente o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, “ganham mais dinheiro com outras atividades do que só o tráfico de drogas”. Confira a receita de cada produto legal explorado pelo crime organizado:
* tabaco e cigarro: R$ 10,3 bilhões
* ouro: R$ 18,2 bilhões
* bebidas: R$ 56,9 bilhões
* combustíveis e lubrificantes: R$ 61,4 bilhões
“Quando a gente fala de economia do crime, a gente precisa pensar como que a gente diminui o poder, a capacidade de poder do crime organizado para poder retomar a economia formal para a gente conseguir pensar uma política de segurança pública que não seja focada apenas na repressão do tráfico”, disse Lima à imprensa após a reunião com o ministro.
Crime organizado fatura quase R$ 150 bilhões em comércio legal — Foto: Reprodução/Fórum Brasileiro de Segurança Pública
De acordo com a estimativa do presidente da FBSP, o valor de R$ 146,8 bilhões arrecadados pelo crime organizado representariam 14,7% do mercado brasileiro desses produtos. Lima reforça que o crime não impacta apenas a vida cotidiana, mas atrapalha a economia.
“AUMENTO DA VIOLÊNCIA POLICIAL EM SP
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), enfrenta uma crise na segurança pública depois de uma série de casos recentes de violência policial.
Nos últimos 30 dias, 45 policiais militares foram afastados de suas funções e dois foram presos por envolvimento em casos relacionados a abuso de autoridade e letalidade policial. Os episódios ganharam repercussão por terem sido flagrados por câmeras de segurança ou celulares.
Nesta quinta-feira (5), Tarcísio afirmou que “tinha uma visão equivocada” sobre o uso de câmeras corporais na farda dos policiais militares e disse que hoje está “completamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial”. Ele acrescentou que não apenas vai manter o programa como o ampliará.
Contudo, ele disse que não tem planos de fazer mudanças na Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo ou na Polícia Militar e defendeu a manutenção de Guilherme Derrite (PL) no comando da SSP.