A Ordem dos Médicos alertou que 20% das vagas do concurso do internato não foram preenchidas, evidenciando uma crise estrutural em especialidades essenciais para o Serviço Nacional de Saúde. De acordo com a OM, dados do concurso demonstram um agravamento de vagas não preenchidas em especialidades cruciais no serviço público, como medicina geral e familiar, medicina interna e medicina intensiva.
O comunicado da OM destaca a preocupação com a dificuldade de recrutamento nestas áreas, agravada anualmente, especialmente nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Norte. No total, 2.331 vagas estavam disponíveis para ocupação nas unidades do SNS, com início da formação especializada previsto para janeiro de 2026, mas apenas 1.862 foram preenchidas.
A medicina geral e familiar lidera as especialidades com mais vagas não ocupadas, com 229 lugares vazios, seguida pela medicina interna e medicina intensiva. Apenas 52% das vagas de medicina interna foram preenchidas, e na medicina intensiva apenas 59 das 74 vagas disponíveis foram ocupadas.
A saúde pública também enfrentou dificuldades, com 23 vagas não ocupadas entre as 60 disponíveis. O bastonário da Ordem dos Médicos alerta que a desvalorização da medicina geral e familiar fragiliza os cuidados de saúde, colocando em crise regiões e segmentos da sociedade necessitados.
Os números indicam que, em outubro, mais de 1,5 milhões de utentes estavam sem médico de família atribuído. A OM questiona o motivo pelo qual o Ministério da Saúde ainda não implementou as propostas para melhorar as condições de trabalho e atrair profissionais.
Para José Durão, presidente do Conselho Nacional do Médico Interno da Ordem, os resultados reforçam a falta de atratividade do internato médico no SNS e a urgência de medidas para melhorar as condições de trabalho e incentivar especialidades menos procuradas.