‘Se não morreu, está vulnerável’: veterinário alerta para risco de intoxicação
de macaco pintado de azul em MG
O homem que filmou o momento em que joga spray no macaco chegou a ser detido, mas foi liberado. A Polícia Militar de Meio Ambiente faz buscas pelo primata na propriedade rural de Santa Juliana. Segundo um veterinário, o animal precisa de atendimento urgente.
Macaco é pintado de azul com requinte de crueldade no interior de MG
O macaco que aparece em imagens sendo pintado de azul em uma propriedade rural de Santa Juliana, no Diário do Estado, ainda não foi localizado pelas autoridades ambientais. O vídeo foi gravado no domingo (22) pelo próprio suspeito, um homem de 50 anos, que chegou a ser detido, mas foi liberado.
Nas imagens, o animal está dentro de uma gaiola, coberto por tinta em spray. Assista ao vídeo acima.
Para o médico veterinário Márcio Bandarra, o primata apresenta características de um macaco-prego. Ao analisar a cena, o profissional não teve dúvidas de que o mamífero sofreu consequências do ataque.
O vídeo chegou à Polícia Civil por meio de uma denúncia anônima feita na segunda-feira (23). A investigação apontou que Ivair Heraldo da Cunha colocou uma armadilha no telhado da casa para capturar o macaco. Após o animal ser preso na gaiola, o suspeito utilizou uma lata de spray para pintá-lo de azul. Em seguida, o bicho foi solto.
Em depoimento à Polícia Civil, Ivair alegou que pintou o macaco para evitar que ele voltasse à sua casa e destruísse objetos. O médico veterinário destaca que conflitos com primatas têm se tornado cada vez mais comuns devido à interação indevida entre humanos e animais silvestres.
Durante a investigação na propriedade rural, foram encontradas telhas quebradas e pintadas de azul, o que para a Polícia Civil são indícios de que a cena ocorreu e foi registrada no local.
Segundo o delegado Wesley Lucena, Ivair Heraldo foi detido por maus-tratos contra animais. Ele prestou depoimento, mas foi liberado por se tratar de um crime de menor potencial ofensivo, já que a pena máxima não ultrapassa dois anos de detenção.
O crime de maus-tratos contra animais está previsto no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998). Consiste em praticar ato de abuso, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. A pena é de detenção de 3 meses a 1 ano, além de multa. A pena pode ser aumentada caso o animal morra em decorrência dos maus-tratos.
Segundo a Polícia Civil, o macaco foi solto logo após ser pintado e não foi mais visto. A Polícia Militar de Meio Ambiente informou que segue com buscas na região para localizar o animal.
De acordo com o médico veterinário, caso o macaco tenha se intoxicado, é essencial que receba atendimento o mais rápido possível. “Ele pode ter problema respiratório e morrer rápido ou pode apresentar uma intoxicação mais crônica e, dentro de dois ou três dias, começar a apresentar uma sintomatologia nervosa, não conseguir mais se apoiar nas árvores, se tornando uma presa fácil para qualquer predador”, explicou Márcio Bandarra.