Análise: da rotação ideal a lapsos fatais, Cruzeiro leva empate como exemplo para decisões com Corinthians
Time faz 60, 70 minutos em bom nível, mas tem queda após primeiro gol do Botafogo
O Cruzeiro [https://globoesporte.globo.com/futebol/times/cruzeiro/] fechou a participação como mandante no Brasileiro com empate por 2 a 2 diante do Botafogo, no Mineirão. O resultado praticamente não impacta na tabela, mas dá mostras importantes para a semifinal da Copa do Brasil, contra o Corinthians. Para o bem e para o mal.
Com o Flamengo campeão, a missão do Cruzeiro em campo era seguir vivo na busca pela segunda colocação do Brasileirão. Implicaria, por exemplo, em uma premiação um pouco maior. Além disso, Leonardo Jardim teve a última chance para ajustar detalhes de um coletivo que foi forte o ano inteiro. Nesse ponto, a resposta foi positiva, ao menos em boa parte do jogo.
O início da partida foi no melhor estilo do Cruzeiro na temporada. Marcando pressão, evitando a posse com Botafogo e sendo vertical quando tinha a bola nos pés. Tinha dificuldade em transformar o volume em chance, mas abriu o placar logo cedo: jogada bem trabalhada entre Villalba, Sinisterra, Matheus Pereira e Kaiki. Gol de Christian.
Era o que o time precisava para abrir o time adversário, que tentava explorar contra-ataques, mas esbarrava em um Cruzeiro bem postado, com cobertura ajustada e raros sustos. No primeiro tempo, Cássio só trabalhou uma vez, em finalização de Arthur após jogada criada em ligação direta.
O Cruzeiro teve entre 60 e 70 minutos na rotação que marcou a campanha do time que esteve na briga pelo título até a antepenúltima rodada, contando com destaques individuais, como Fabrício Bruno, Kaiki, Lucas Silva, Christian e Matheus Pereira. O camisa 10, inclusive, foi autor do segundo gol, no início da etapa final, aproveitando um contra-ataque puxado por Kaio Jorge.
Parecia definida a partida, mas o Cruzeiro deixou cair o nível, talvez com o peso da concentração diante do placar confortável em um jogo com pouco peso. E foi fatal. O próprio Matheus Pereira perdeu a bola ao tentar um drible dentro da área de defesa, e Marçal marcou o primeiro do Botafogo, que entrou na partida.
Mudou completamente o enredo no Mineirão. O Cruzeiro não conseguia segurar mais a bola, nem tinha poder de retomá-la com rapidez para criar chances. O Botafogo ganhou campo e começou a ronda a área celeste, com muitos cruzamentos e poucas finalizações de real perigo. Mas o volume em território gerou pênalti e gol de empate, já nos acréscimos: 2 a 2 e apito final.
Apesar do empate – o terceiro na sequência -, o Cruzeiro finaliza o Brasileiro sem ter a preocupação direta em relação ao desempenho. O futebol apresentado foi motivo muito maior de alerta entre setembro e outubro, na derrota para o Vasco e até nas vitórias sobre Bragantino e Fortaleza.
Não é exagero ainda dizer que o Cruzeiro chega para o duelo com o Corinthians com favoritismo, mas a condição só é estabelecida com o futebol do primeiro tempo diante do Botafogo. Não necessariamente em qualidade técnica, mas em termos de encaixe coletivo e nível de atenção.
Talvez seja esse o principal trabalho de Leonardo Jardim nos próximos sete dias: manter a regularidade em 180 minutos. O próprio jogo contra o Corinthians, no Brasileirão, é um modelo a ser buscado. Mas baixar a guarda como baixou diante de Botafogo e Juventude, em uma semifinal da Copa do Brasil, pode – e deve – ser fatal.




