Última atualização 06/06/2023 | 16:58
“Sempre gostei de cuidar de pessoas e com o passar dos anos veio a opção pela faculdade de enfermagem, o que nada mais é do que literalmente cuidar”, afirma a enfermeira Bethania Zago. No Brasil, mais de 34 mil pessoas trabalham como cuidadoras, representando crescimento de 547% em 10 anos, conforme informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Previdência.
A enfermeira iniciou a rotina de cuidadora ainda na adolescência, fator que a motivou continuar atuando na profissão. Bethania investiu no segmento e criou a própria empresa de cuidadores de idosos: a Cuidare Bueno. Após 20 anos trabalhando com cuidados, a profissional ressalta que a motivação agora é levar melhores condições de vida tanto para o paciente quanto para as famílias. “Eu levo qualidade através de um cuidado humanizado, vendo o meu paciente não apenas como alguém que necessita de cuidados, mas buscando sempre resgatar nesse idoso a autonomia”, explica.
Muitas pessoas optam por serem cuidadoras de idosos, por ser considerada uma ocupação promissora. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ritmo de envelhecimento da população brasileira está acelerado e a expectativa é que em 2050 o país tenha mais idosos do que crianças. Além disso, estima-se que o Brasil será composto por um quarto da população com mais de 65 anos (25,5%), em 2060.
A diretora da empresa Escolha Certa Cuidadores de Pessoas, Luciane Lima, analisa que mesmo que a economia não estivesse nos seus melhores anos, a área não seria impactada. “Mesmo com a economia enfraquecida, a ocupação de cuidador de pessoas cresce por dois grandes motivos: há cada vez mais idosos no país e serviço de saúde é um dos últimos a serem cortados em cenário de crise. As famílias tentam sacrificar outro tipo de consumo, mas mantem o cuidado com a saúde dos seus entes queridos”, explica.
Em Goiás, no período de 2010 a 2016, a quantidade de vínculos da Ocupação de Cuidadores saltou de 434 pessoas para 921, representando um crescimento de 36%. Na Cuidare, empresa de Bethania, atuam aproximadamente 20 cuidadores e a unidade no Setor Bueno, em Goiânia, é apenas uma dentre 70 espalhadas pelos municípios brasileiros. “Trabalhamos com os cuidados no domicílio e em instituições de saúde onde o paciente estiver”, diz.
Pré-requisitos
A profissão ainda não é regulamentada, mas de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), o profissional deve ser formado em cursos com carga horária de 80 a 160 horas, ter acima de 18 anos e ensino fundamental completo. Para complementar as exigências, o Ministério do Trabalho aponta que o acesso ao emprego também ocorre por meio de cursos e treinamentos de formação básica.
Bethania afirma que é fundamental que os cuidadores atendam outros pré-requisitos. “O cuidador deve ter conhecimento científico, proatividade, bom senso, aparência pessoal, higiene, carinho e empatia”. Sobre remuneração, um levantamento da Catho, site de vagas de emprego, projeta que um cuidador receba mensalmente a média R$ 1.420. Entretanto, há casos de empresas especializadas em cuidados que contratam com salários de até R$ 3 mil.