Ao pensarmos na pessoa idosa, buscamos entender as questões de envelhecimento e as demandas que mudam com o passar do tempo. A progressiva ampliação desta população é algo que traz muitos questionamentos e deixam dúbias as conceituações encontradas. A começar pela representação dos termos velho, velhice, terceira idade e os diferentes conceitos para cada membro da comunidade que vive ou discute esse público.
As nomenclaturas e o próprio entendimento de cada etapa da vida do ser humano não são estanques, mas sim perpassam por mudanças. A cada momento histórico que se percebe uma maior longevidade, tenta-se nomear as etapas da vida. Para tal se discute as ideias de idade cronológica, biológica, psicológica e social.
Quase um quinto da população brasileira é composta por pessoas com 60 anos ou mais, conforme pesquisa recente do Dieese. Além disso, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em 2050, essa população deve somar 2 bilhões de pessoas. Portanto, deixo aqui um alerta: como está sendo observado esse aumento de percentual de idosos? Em qual instância e quais estratégias estão sendo pensadas para que eles não sejam apenas números e sim haja um plano voltado às mudanças deste ciclo vital? E os envolvidos, como estão sendo tratados?
Neste contexto, dentre os profissionais que precisamos dar conta são os cuidadores. Aqueles que cuidam, muitas vezes são pagos para tal, mas há parcelas de pessoas que não são remuneradas e que exercem essa função por 24 horas durante os 7 dias na semana: os familiares. Será que estamos cuidando de quem cuida? O cuidador, seja este profissional ou familiar, tem todo o direito de cansar, pedir apoio e acessar a sua rede, sendo imprescindível evitar o esgotamento emocional. Lembrar e permitir-se descansar, namorar, viajar ou a atividade que gosta de fazer é muito importante para prosseguir e ter qualidade de vida para si e para com a pessoa idosa que ali se convive.
Esse é um dos fatores primordiais a serem discutidos nesse momento de aumento da longevidade. Cuidar de quem cuida é tema fundamental quando a pauta é envelhecimento.
*Psicóloga e Coordenadora do Núcleo de Apoio e Atendimento Psicopedagógico da Estácio
Cuidar de quem cuida
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