Cumaru do Norte, no Pará, é a cidade com a maior taxa de morte violenta da Amazônia Legal. Entre 2022 e 2023, a cidade teve crescimento de 25% na taxa de violência letal, em contraste com a redução de 14,9% observada entre 2023 e 2021. Além de Cumaru, o Pará tem outros 18 municípios entre os 50 mais violentos da Amazônia. Município de Cumaru do Norte nasceu em torno de um garimpo.
Cumaru do Norte é o município mais violento do Pará e de toda a Amazônia Legal com uma taxa de 141,3 mortes a cada 100 mil habitantes, aponta estudo divulgado nesta quarta-feira (11), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Entre 2022 e 2023, a cidade teve crescimento de 25% na taxa de violência letal, em contraste com a redução de 14,9% observada entre 2023 e 2021. O DE solicitou um posicionamento à Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e aguarda retorno.
Segundo o Fórum, o Pará tem quatro dos cinco municípios mais violentos da Amazônia Legal (Cumaru do Norte, Abel Figueiredo, Mocajuba e Novo Progresso). Segundo dados da 3ª edição do estudo “Cartografia das Violências na Amazônia”, do FBSP, o garimpo e conflitos fundiários na cidade são os principais responsáveis pela violência da região. Na última sexta-feira (6), uma mulher identificada como Kamila de Jesus Oliveira foi morta com um tiro na cabeça na área conhecida como “garimpo do Santino”, em Cumaru do Norte.
Cumaru do Norte tem 14.036 habitantes, segundo o Censo 2022, e fica localizado no sudeste do Pará, a 993 km de Belém. Uma das particularidades geográficas do município é o fato de 12% da Terra Indígena Kayapó, com mais de quatro mil indígenas, ficar localizada dentro da cidade. Fundado em 1991, o município nasceu em torno de um garimpo de ouro, atraindo trabalhadores que se fixaram na região. Atualmente, o garimpo é o principal “motor” econômico da cidade, que conta até com uma pista de pouso.
Os conflitos fundiários, especialmente entre garimpeiros e indígenas da TI Kayapó, marcam as dinâmicas violentas do município. A extração de madeira também exerce pressão sobre a TI na disputa pelo recurso natural. Aiala Colares, geógrafo e pesquisador da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e do Instituto Mãe Crioula, explica que um dos motivos do aumento da violência é a expansão do garimpo ilegal no município.
O pesquisador ainda ressalta que as medidas tomadas para combater essa violência consistem em investimentos em políticas públicas. Os dados do estudo apontam que 13 municípios paraenses têm taxas de mortes violentas acima de 70 por grupo de 100 mil habitantes. Entre 2022 e 2023, o estado apresentou uma queda de 11,8% no número de mortes por grupo de 100 mil habitantes. Porém, a taxa de morte de 32,8 em 2023 ainda está acima da taxa nacional de 22,8. Anapu, sexto município mais violento do Pará segundo dados do Fórum, foi onde a missionária estadunidense Dorothy Stang foi morta em 2005, à queima-roupa, em uma emboscada na estrada rural no município, a quase 700 quilômetros de Belém.