Cura do câncer de mama chega a 95%, mas diagnóstico precoce é determinante

Um exame relativamente simples pode evitar a morte de grande parte das brasileiras por câncer de mama, a doença que mais causa óbitos entre as mulheres no país. O problema costuma estar associado à genética, mas essa relação ocorre em apenas 15% dos diagnósticos. Fatores de risco como idade têm maior peso para a ocorrência da patologia, identificada pela mamografia.

A mastologista Aline Nunes afirma que os estudos apontam para 85% dos tumores são os chamados esporádicos, que ocorrem ao acaso. Ela explica que a probabilidade de uma mulher ser acometida pela doença aumenta exponencialmente a partir dos 40 anos. Por isso, a especialista sugere que o exame seja realizado anualmente mesmo que a paciente não tenha histórico familiar da doença.

“Vários trabalhos científicos mostram os benefícios da mamografia na redução da mortalidade do câncer de mama porque a descoberta do estágio inicial permite o tratamento mais tranquilo com cirurgias menores e às vezes não há necessidade de quimioterapia e com mais chances de cura”, esclarece.

Foi justamente o acaso que salvou a vida da representante comercial Márcia Soares. Ela costumava realizar o exame anualmente desde que completou 40 anos de idade. Um mês após realizar a mamografia, ela encostou as mãos na região dos seios e percebeu um nódulo. O retorno ao médico e mais exames confirmaram o diagnóstico mais temido.

“O tratamento do ponto de vista físico é doloroso. Tive a sorte de ter um companheiro que me ajudou muito nesse período. Isso colaborou demais. Meu cabelo caiu. Usei peruca por um tempo, depois assumi a careca. Não fiquei tão chocada quanto eu pensava, mas é preciso muita fé nesse momento e uma família que acolhe. Se não, a pessoa se abate”, relata.

Com a identificação precoce do tumor, a indicação médica foi sessões de quimioterapia e radioterapia. O resultado foi a cura anunciada há dois anos pelo profissional que a acompanhou. Atualmente, as consultas de acompanhamento são semestrais, assim como exames de imagem e de sangue para avaliação.

Márcia faz parte das estatísticas de sucesso no tratamento de câncer de mama. Os índices positivos chegam a 95% de cura, de acordo com a especialista Aline Nunes. Apesar disso, ela afirma que muitas mulheres preferem não fazer a mamografia por receio do diagnóstico, ausência de sintomas e de causas genéticas.

“Vários trabalhos científicos mostram os benefícios da mamografia na redução da mortalidade do câncer de mama porque a descoberta do estágio inicial permite o tratamento mais tranquilo com cirurgias menores e às vezes não há necessidade de quimioterapia e com mais chances de cura”, explica. 

Opções

O profissional pode se decidir pela cirurgia, quimioterapia, radioterapia, terapia alvo, hormonioterapia A definição de cada tratamento envolve o tipo do tumor, tamanho, idade da paciente e presença de comorbidades. “O mais importante para definir o tipo da cirurgia é a relação mama-tumor. A quimioterapia antes da cirurgia possibilita realizarmos o procedimento que preserva a mama já que reduzimos o tumor e podemos fazer cirurgias menores depois”, diz Aline.

O processo sofrido e doloroso para o corpo e para a mente faz com que Márcia não perca a oportunidade de alertar as mulheres para a importância de cuidarem da saúde. “Quando alguém faz um comentário, eu sugiro que faça consultas periódicas, que não deixem passar. Na minha família não tinha histórico de câncer de mama. Fiz um teste e constatei que não é genético”, ressalta.

A rede pública de saúde em Goiás oferece mamografia em unidades de saúde e em carretas itinerantes que percorrem o interior do estado.  Por causa da estrutura e da oferta de aparelhos que fazem o exame, as mulheres no estado conseguem fazer a partir dos 40 anos, bem antes da faixa etária de 50 a 69 anos indicada pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional de Câncer  (INCA).

Embora a Secretaria Estadual de Saúde (SES) afirme ter capacidade para atender todo o público, metade das mulheres está com mamografia em atraso. A população feminina de 50 a 69 anos no estado soma 699.625 e o déficit de goianas que precisam realizar o exame, chega a 349.812 mulheres. 

Novidades

Na rede particular, o preço da mamografia varia entre R$ 50 e R$ 180. Em estabelecimentos privados, a média cobrada pelos testes BRCA1 e BRCA2 – exame genético que avalia o risco de câncer hereditário, especialmente de mama e ovário – é de R$ 1,8 mil, conforme pesquisado pelo Diário do Estado.

O teste genético é o mesmo feito pela atriz Angelina Jolie, que teve as mamas retiradas e substituídas por próteses de silicone. “A pesquisa dessa mutação está indicada quando temos câncer de mama em pessoas jovens e também em alguns tipos específicos em qualquer idade. Isso reduz o risco da pessoa ter a doença ou, caso ela já tenha tido em uma mama, retirar a outra”, argumenta a médica.

Com o desenvolvimento de pesquisas científicas, os efeitos colaterais e chances de recuperação mudam o cenário do tratamento de câncer. A especialista destaca como novidades a  imunoterapia no câncer de mama, que é utilizada em alguns tipos de tumores, medicamentos mais eficazes e mais seguros e técnicas cirúrgicas menos mutiladoras com segurança oncológica. 

Outra inovação disponível em Goiânia é uma touca especial para evitar a queda de cabelo. A técnica chamada crioterapia se tornou conhecida por ter sido adotada pela apresentadora Ana Furtado durante o tratamento contra o câncer. O couro cabelo é resfriado antes e durante a quimioterapia. O custo é de R$ 300 a R$ 500 reais por aplicação.

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