Curitibanos vão mais a festas juninas do que carnaval, indica pesquisa sobre
hábitos culturais nas capitais
‘Cultura nas Capitais’ revelou também que sertanejo é estilo de música mais
escutado pelos entrevistados em Curitiba. Em seguida, vem rock e MPB.
1 de 3 Curitibanos vão mais a festas juninas do que carnaval, indica pesquisa
sobre hábitos culturais — Foto: Foto: Cesar Brustolin/SMCS
Curitibanos vão mais a festas juninas do que carnaval, indica pesquisa sobre
hábitos culturais — Foto: Foto: Cesar Brustolin/SMCS
Uma pesquisa sobre os hábitos culturais dos moradores das capitais do Brasil
indicou que os curitibanos vão mais a festas juninas do que a eventos de
carnaval.
Segundo a pesquisa “Cultura nas Capitais”, 68% dos curitibanos entrevistados
responderam que, nos últimos 12 meses, foram a festas juninas. Outros 33%
responderam que participaram de algum bloco de carnaval e 32% afirmaram terem
ido a algum desfile de carnaval.
O estudo abordou 19.500 pessoas presencialmente em todo o Brasil, e 600
moradores de Curitiba, entre fevereiro e março de 2024. Foram feitas perguntas sobre as práticas culturais
dos entrevistados ao longo dos 12 meses anteriores.
Os resultados serão apresentados e discutidos em um evento gratuito e aberto ao
público nesta quinta-feira (6), entre às 9h e às 13h, na Capela Santa Maria. Participam da ação pessoas envolvidas com a cena cultural curitibana, como a Secretária Estadual de Cultura do Paraná, Luciana Pereira, a diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer, Juliana Vosnika.
Apesar da adesão maior às festas juninas, a programação carnavalesca de Curitiba
conta com bloquinhos e ensaios de escolas de samba para os foliões. Além disso, a capital paranaense é conhecida pela tradicional Zombie Walk, na qual os participantes se fantasiam de monstros, caveiras e zumbis.
SERTANEJO É O RITMO MAIS OUVIDO, SEGUIDO PELO ROCK
A pesquisa revelou também que o sertanejo é o estilo de música mais escutado pelos entrevistados em Curitiba, com 47% das respostas. Em seguida, vem o rock, com 30%, e a MPB, com 23%. A maior parte das pessoas respondeu que costuma ouvir música no próprio celular. Outros meios utilizados para a atividade são o som portátil e o rádio.
OUTRAS ATIVIDADES CULTURAIS
2 de 3 Museu Oscar Niemeyer MON — Foto: Mariah Colombo/g1
Museu Oscar Niemeyer MON — Foto: Mariah Colombo/g1
A atividade cultural mais citada entre os entrevistados é a leitura: 68% dos entrevistados leram pelo menos um livro no último ano.
Numericamente, conforme a pesquisa, Curitiba tem índices de acesso acima da média das capitais brasileiras em 11 das 14 atividades pesquisadas: livros, jogos eletrônicos, cinema, visita a locais históricos, museus, bibliotecas, teatro, dança, feiras do livro, circo e concertos de música clássica.
Em festas populares e shows de música, os resultados ficaram abaixo da média nacional.
Confira as atividades que os moradores de Curitiba mais participam:
Atividades culturais que os moradores de Curitiba mais participam
O percentual de acesso é o percentual de pessoas que disseram ter ido, nos 12 meses anteriores à pesquisa, às atividades indicadas em cada coluna do gráfico.
Fonte: Cultura nas Capitais
Para quem declarou ter ido a museu, exposição de arte ou de caráter histórico, a pesquisa perguntou qual foi o último museu ou exposição que a pessoa visitou no Brasil. Entre os entrevistados em Curitiba, 48% deles citou o Museu Oscar Niemeyer (MON), considerado o maior museu da América Latina.
O MON também aparece como o espaço cultural mais frequentado pelos entrevistados. Além dele, foram citados também parques, como o Jardim Botânico, o Passeio Público e o Parque Barigui.
A pesquisa perguntou a todos os entrevistados curitibanos qual é, na avaliação
deles, o evento cultural mais importante da cidade.
Na capital paranaense, mais de 100 eventos foram mencionados, mas o principal
deles foi o Festival de Curitiba – tradicional evento que conta com mostras teatrais, além de dança, circo, humor, música, oficinas, shows, performance e gastronomia.
AINDA HÁ MUITO O QUE FAZER
A pesquisa listou dez espaços culturais de cada capital, para avaliar o quanto
são conhecidos.
Sobre cada um dos espaços, foi perguntado se o entrevistado o conhece, mesmo que
só de ouvir falar. Caso a resposta tenha sido positiva, foi perguntado se o
entrevistado visitou o local pelo menos uma vez.
Muitos entrevistados responderam que conheciam o Teatro Paiol, por exemplo, mas
que nunca tinham ido até lá.
Confira o resultado da pergunta:
3 de 3 Pesquisa listou dez espaços culturais de cada capital, para avaliar o
quanto são conhecidos — Foto: Cultura nas Capitais
Pesquisa listou dez espaços culturais de cada capital, para avaliar o quanto são
conhecidos — Foto: Cultura nas Capitais
Para 57% dos entrevistados em Curitiba, as atividades culturais que frequentam
acontecem longe do bairro onde moram, o que pode ser um fator limitador para o
acesso, conforme a JLeiva Cultura & Esporte, responsável pela pesquisa Cultura
nas Capitais.
Quando compara-se os resultados do levantamento com a pesquisa realizada em
2017, em que foram analisados os hábitos culturais de 12 capitais brasileiras
com relação a 12 atividades culturais, Curitiba demonstra uma queda no acesso à
cultura – a mesma tendência seguida nas demais capitais.
Para João Leiva, diretor da JLeiva Cultura & Esporte, o trabalho para conquistar
este público em potencial depende de ações de curto, médio e longo prazo.
“No longo prazo, a gente precisa melhorar o acesso da população à educação, a
distribuição de renda e ter os equipamentos culturais mais bem distribuídos
pelas cidades. No médio, a gente tem que incentivar uma maior presença de
práticas criativas nas escolas e universidades. Quanto mais as crianças e os
jovens tiverem a oportunidade de tocar o instrumento, cantar, pintar, escrever,
fotografar, fazer vídeo, artesanato e dançar, maior será o acesso à cultura no
futuro”, defende.
No curto prazo, o diretor acredita que quatro ações são fundamentais para
democratizar o acesso à cultura.
“Primeiro, é importante levar às escolas o maior número possível de outras ações
culturais, como exposições, museus, peças de teatro e concertos”, explica.
Isso, conforme Leiva, impacta, inclusive, o acesso à cultura de outros grupos,
uma vez que a criança é capaz de depois estimular outros familiares a também
irem a estas atividades.
“Depois, facilitar o acesso dos grupos mais excluídos, que são as pessoas de
baixa renda, baixo nível de escolaridade e com 60 anos ou mais. A comunicação
das ações culturais também deveria dar uma atenção especial às mulheres. Elas
representam dois terços do público potencial e, na família, são elas que mais
estimulam o acesso dos filhos a atividades culturais”, pontua.
O diretor destaca que a facilitação dos grupos mais excluídos pode ter ainda
mais sucesso quando associada a outras políticas públicas, especialmente as de
gratuidade, com meios de transporte público, como metrô e ônibus, e em dias e
horários apropriados.
Por fim, Leiva acredita que a descentralização e o uso dos espaços públicos
também poderiam influenciar na conquista do público que hoje não frequenta ações
culturais, mas que sente interesse por elas.
COMO FUNCIONOU A PESQUISA?
Segundo a JLeiva Cultura & Esporte, nesta edição da pesquisa Cultura nas
Capitais foram ouvidas 19.500 pessoas, moradoras de todas as capitais
brasileiras.
Os entrevistados têm mais de 16 anos e são de vários níveis socioeconômicos.
Eles foram abordados em pontos de fluxo populacional, em regiões com diferentes
características sociais e econômicas.
Os entrevistados respondiam até 61 perguntas, além das relacionadas a
características sociais e econômicas (como escolaridade, cor da pele etc.). O
instituto responsável pelo estudo é o Datafolha.
Além da pergunta sobre renda, a pesquisa também adotou o Critério Brasil de
Classificação Econômica, um instrumento de segmentação econômica que utiliza o
levantamento de características domiciliares para diferenciar a população em
classes: A, B, C, D ou E.