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Custos do transporte por aplicativos aumentam e afetam profissionais e usuários

Última atualização 10/08/2022 | 10:43

Nos últimos 12 meses, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os custos de transporte por aplicativo subiram em 49,78%. Apesar da queda do combustível em julho, o serviço em questão continua caro. Será que ainda compensa para profissionais e usuários?

Um aumento catastrófico no transporte

De acordo com Miguel Veloso, representante dos profissionais por aplicativo de Goiás, o aumento dos custos no transporte vem afetando a categoria no estado e pelo Brasil afora. Considerando que parte dos ganhos de uma viagem fica para o aplicativo (entre 25% e 40%), além dos valores de combustível e manutenção, a situação se torna crítica.

“O IPCA de transporte por aplicativo chegou a aumentar 64,3%, um absurdo, um aumento catastrófico. Com certeza, todos os profissionais que atuam na área de transporte, tanto o motorista quanto o moto entregador, sentiram”, explica Miguel.

Rodrigo Vaz, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos do Estado de Goiás (AMAGO), também compartilha da mesma opinião. Segundo ele, o preço das corridas em transportes por aplicativo aumentou 62,56% em junho de 2022, na comparação com o mesmo mês de 2021.

“A gasolina está mais barata, mas eu lamento que as empresas de aplicativos não tenham tomado alguma atitude para ajudar os motoristas diante da crise econômica.
E nem abrem diálogos conosco”, afirma.

Miguel ressalta que os aplicativos de transporte existem há mais de seis anos em Goiânia. Entre maio e junho deste ano, na época em que o combustível estava em alta, os apps repassaram um aumento de 5% para os motoristas, sendo um bom mecanismo. No entanto, foi a primeira vez que o repasse aumentou para os profissionais.

“É uma sensação de que a conta nunca fecha. Você sai de casa pela manhã, trabalha de 12 a 16h, e no fim do dia tem aquela velha sensação de trocar moedas. O profissional atua diretamente na economia da cidade, ele fomenta essa economia. Porém, quando volta para o lar, vem a sensação de que o dia não foi muito produtivo”, reforça.

Impacto no bolso dos passageiros

Em Goiânia, Sabrina Carvalho sempre utilizou aplicativos de transporte, normalmente para alguma ocasião especial, como uma ida ao restaurante ou ao shopping. No entanto, está cada vez mais difícil arcar com os custos.

“Eu sempre usei muito os aplicativos, mas agora estou tendo que usar com menos frequência. Várias vezes, se estou indo para algum lugar com amigos, nós combinamos de dividir o valor para não ficar caro para ninguém”, conta.

No caso de Gustavo Mendes, a dificuldade está em encontrar motoristas disponíveis. “Direto acontece de eu solicitar uma corrida e precisar esperar pelo menos dez minutos por um motorista. Já me atrasei muitas vezes por causa disso”, diz ele.

Dificuldades de motoristas e possíveis soluções

Para os motoristas, isso tem uma explicação clara. De acordo com Rodrigo Vaz, o que sustenta hoje os profissionais são as promoções, com as premiações que os aplicativos dão. Os apps ainda são opções mais baratas que táxis, mas os gastos acabam não compensando.

“Ando com saudades de quando a gasolina custava R$3,40 por litro, um Brasil que foi ficando pequeno no retrovisor após a dolarização da política de preços da Petrobras, da pandemia de Covid-19 e da Guerra da Ucrânia. É necessário fazer R$ 300 diários para lucrar R$ 150”, declara Rodrigo.

Para Miguel, a redução no preço da gasolina (-15,48% no IPCA de julho) e do etanol (-11,38% no IPCA de julho) trouxe um alívio, tendo em vista que o preço dos combustíveis influencia no orçamento familiar. Com isso, os profissionais poderão respirar mais aliviados por um tempo.

“O que precisa ser feito é uma observação quanto às empresas para que elas possam se aproximar mais do motorista. As plataformas não entendem a realidade dos motoristas. Elas precisam compreender a necessidade desse parceiro, o que ele precisa para desenvolver um trabalho de maior excelência”, prossegue.

Já Rodrigo Vaz conclui dizendo que a briga continua. “Temos lutado juntamente com outras lideranças do Brasil, falando que, se continuar assim, não será um transporte viável para passageiros e para se trabalhar. Por isso, devemos lutar por questões atuais, para que no futuro não possa ser extinta essa profissão”, finaliza.