Luciane Barbosa Farias, conhecida como “Dama do Tráfico”, foi presa nesta quarta-feira, 28, em Manaus, após passar cinco meses foragida. Ela é esposa de Clemilson dos Santos Farias, o “Tio Patinhas”, apontado como chefe do Comando Vermelho (CV) no Amazonas e atualmente preso por comandar homicídios na capital do estado.
De acordo com o Ministério Público do Amazonas, Luciane atuava como o principal braço financeiro da facção criminosa. Ela seria responsável por ocultar, empregar e lavar o dinheiro proveniente do tráfico de drogas. O MP descreve Luciane como cúmplice dos crimes e destaca sua atuação estratégica na movimentação financeira da organização.
Luciane ganhou notoriedade nacional no fim de 2023, quando foi revelado que ela havia participado de reuniões com secretários do Ministério da Justiça, em Brasília. Na época, se apresentava como presidente do Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), uma ONG que se diz defensora dos direitos fundamentais de pessoas presas. Ela também se identificava como estudante de direito e ativista de direitos humanos.
Além das visitas ao Ministério da Justiça, ela esteve no Conselho Nacional de Justiça, no Congresso Nacional e em repartições da Organização das Nações Unidas (ONU). As viagens foram financiadas com recursos do governo federal. Segundo dados oficiais, as passagens custaram R$ 4.861,22, e as diárias, R$ 1.047,85.
Os mandados de prisão foram expedidos em janeiro pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). A prisão foi realizada em uma residência na Zona Norte de Manaus. Após ser detida, Luciane foi levada para a Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações.
Apesar de não ter sido denunciada ou condenada à época das visitas institucionais, Luciane já era investigada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público desde 2019.
Em janeiro deste ano, a Justiça concedeu a Luciane uma indenização de R$ 200 mil pela morte da mãe durante a crise sanitária da Covid-19 em Manaus. A decisão levou em consideração a falta de oxigênio no sistema de saúde da capital em janeiro de 2021, quando a mulher foi internada com insuficiência respiratória e não teve acesso aos insumos necessários para sobreviver. Três irmãos de Luciane também receberam indenização, totalizando R$ 800 mil.