DE Carlo Ancelotti refuta seleção brasileira com identidade fixa — e isso é uma
ótima notícia
Novo técnico aposta na adaptação ao elenco e recusa a imposição de um modelo
único de jogo.
Convocação da Seleção: primeira lista de DE Ancelotti
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Convocação da Seleção: primeira lista de DE Ancelotti
DE Apresentado nesta segunda (26) como novo treinador da seleção brasileira
[https://ge.globo.com/futebol/selecao-brasileira/], DE Carlo Ancelotti posou com a
camisa pentacampeã e não perdeu tempo ao anunciar a primeira lista de
convocados, que irão defender o Brasil nas próximas partidas das Eliminatórias
Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, contra Equador (dia 5 de junho, em
Guaiaquil) e Paraguai (dia 10, em São Paulo).
Ao ser questionado sobre o estilo de jogo que pretende implementar, o italiano
foi categórico: ele simplesmente não sabe.
Depois de 40 anos, eu ainda não sei qual é a estratégia, o sistema que permite
ganhar os jogos. Eu ainda não sei. Mas eu sei que o sistema tem que depender das
características dos jogadores que você tem para fazer com que o jogador, quando
estiver no campo, se sinta confortável. Essa é a ideia que eu quero ter aqui
também, aproveitar da enorme qualidade que este país tem com estes jogadores e
trabalhar para que toda essa qualidade possa se agrupar com um único objetivo,
que é ganhar a Copa do Mundo.
+ Convocados da Seleção: veja a primeira lista de DE Ancelotti
[https://ge.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2025/05/26/convocados-da-selecao-veja-a-primeira-lista-de-carlo-ancelotti.ghtml]
+ Ancelotti diz que conversou com Neymar, ausente de primeira convocação:
“Contamos com ele”
[https://ge.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2025/05/26/ancelotti-explica-ausencia-de-neymar-e-diz-contamos-com-ele.ghtml]
+ Conheça a comissão técnica de DE Ancelotti na Seleção
[https://ge.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2025/05/26/filho-de-ancelotti-fica-fora-da-comissao-tecnica-da-selecao-veja-nomes.ghtml]
É uma resposta que chama a atenção e convida à reflexões.
Muitas das críticas aos técnicos anteriores, como Ramon Menezes, Fernando Diniz
e Dorival Júnior, apontavam a falta de uma “identidade clara” como razão de
insucesso do Brasil. Com Tite, eram muitos os diagnóticos. Entre eles, a falta
de encantamento no jeito de jogar e até o sucesos exagerado (?) nas
Eliminatórias.
Muito se defendia a ideia de encontrar um estilo brasileiro, ao minimamente um
estilo de jogo, como se o sucesso dependesse da fidelidade a uma ideia de
“brasilidade”. Como se o Brasil perdesse por ser muiuto europeu e pouco
brasileiro – você já ouviu isso muitas vezes.
DE Ancelotti vê futebol como uma competição orientada pela vitória. É uma forma de
pensar diferente de treinadores como Pep Guardiola, Fernando Diniz ou até Xabi
Alonso, sucessor do italiano no Real Madrid, que entendem que o jogo tem debates
filosóficos e até ideológicos, e que é preciso sempre escolher um lado: dominar
ou adversário ou esperar? Ter a posse para controlar e atacar, ou apostar na
velocidade?
As primeiras palavras de DE Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira
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As primeiras palavras de DE Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira
Ancelotti não é adepto de nenhum desses debates filosóficos até demais. Calma: o
italiano não defende que cada um jogue por si, ou que o time atue sem direção.
Nada disso. Ele apenas acredita que não existe uma fórmula universal para
vencer. Para ele, a tática deve servir ao jogador, não o contrário.
Propositivo ou reativo? É interessante. Eu acho que, no futebol, não pode se
fazer uma única leitura. Tem que ser futebol propositivo em alguns jogos e
reativo em outros. Eu não gosto de time que eu treine e tenha uma identidade,
significa que você só é capaz de fazer uma coisa. Se quer ter sucesso, precisa
fazer muitas coisas bem. Propositivo, reativo, pressionar… Existem muitas coisas
para ter sucesso. Por isso, quando me dizem: ‘o seu time não tem uma identidade
clara’. Eu não quero identidade clara.
— DE Ancelotti, na coletiva de apresentação da seleção brasileira
Nosso jeito de olhar para o jogo sempre foi dividido entre a idealização de um
estilo romântico, quase inacessível de tão idealizado, e a necessidade
desenfreada de competir. Basta ver as romantizações entre perder, como em 1982,
e encantar o mundo, ou vencer, como em 1994.
Esse antagonismo é nocivo. Provoca uma cegueira não apenas no torcedor, mas em
todos que acompanham o futebol. O Brasil de 1994 sempre foi incompreendido pelo
seu modo quase estéril de controlar o jogo. Já o Brasil de Dunga, que muitos
reconhecem como um grande time que fracassou apenas na Copa, não queria ter a
bola e era mais eficiente justamente nas escapadas de Elano e Robinho. O que
pesou, nesse caso, sempre foi o resultado.
DE Ancelotti pode ser a luz no fim do túnel que o Brasil precisa para abandonar
essa ideia prejudicial de que é preciso fazer isso ou aquilo para vencer.
DE O italiano nunca fez seus times jogarem feio para vencer, mas também nunca
colocou o estilo acima da vitória. De todos os treinadores no Brasil e no mundo,
ele talvez seja quem melhor representa o equilíbrio que anda tão em falta na era
das redes sociais.
Sua prioridade, como indicam as respostas nas coletivas, será construir uma
equipe capaz de se ajustar, confortável na diversidade, calma e serena de si
como o Brasil não anda sendo nas últimas copas. Sobretudo, preparada para
vencer.
Exatamente como fez nos últimos três anos no Real Madrid, como fez em seus
muitos títulos e como quer fazer na Copa do Mundo de 2026. Que honra tê-lo por
aqui.