DE tem 80 feridos em acidentes de moto atendidos por dia em hospitais municipais; plano da prefeitura está parado
Em 6 meses, foram quase 15 mil atendimentos a feridos. Prefeitura prometeu mudanças no trânsito para reduzir acidentes, mas medidas ainda não saíram do papel.
DE tem 80 feridos em acidentes de moto atendidos por dia em hospitais municipais
DE tem 80 feridos em acidentes de moto atendidos por dia em hospitais municipais
O número de motociclistas no Rio de Janeiro cresceu — e os acidentes também. Só no primeiro semestre deste ano, 14.497 pessoas feridas em acidentes de moto foram atendidas nos hospitais municipais da cidade. São, em média, 80 vítimas por dia.
A explosão no número de motos em circulação ajuda a explicar o aumento. Segundo o Detran-RJ, 135.741 motocicletas foram emplacadas em 2024 — 20% a mais que no ano anterior. Em 2025, o número segue em alta: mais de 70 mil novas motos até junho.
O especialista em trânsito Márcio Dias aponta que o crescimento está ligado à alta no número de entregadores, uso de motos para transporte por aplicativo e facilidades no financiamento para compra do veículo.
Segundo a prefeitura, 70% dos acidentes de trânsito no Rio envolvem motociclistas.
> “O trânsito é muito agressivo, muito mesmo. Muito caos. As pessoas não conseguem ter tranquilidade, olhar nos retrovisores, fazer ultrapassagens da forma correta. Falta de sinalização, tanto das vias como dos condutores”, desabafa o motociclista Anderson de Souza Cruz.
PLANO DA PREFEITURA PAROU APÓS RECUO
Diante do aumento dos acidentes, a prefeitura anunciou em maio um plano de segurança viária. Entre as medidas, estavam:
– Limitação da velocidade das motos a 60 km/h em toda a cidade.
– Proibição da circulação de motos nas pistas centrais da Presidente Vargas, na Av. das Américas e na Av. Brasil, com fiscalização eletrônica.
Mas, menos de duas semanas depois, o prefeito Eduardo Paes voltou atrás, após reunião com representantes dos motociclistas. Desde então, o plano está sendo “revisto” — e não tem nova data para sair do papel.
PROMESSA DE MOTOFAIXAS
Também em maio, a CET-Rio anunciou a criação de 50 km de motofaixas, uma demanda dos profissionais. Leonardo da Conceição, que passou seis meses afastado após um acidente, cobra ações:
“Falta faixa pra gente poder trabalhar com segurança. Vai melhorar pra todo mundo.”
HOSPITAIS LOTADOS, PACIENTES JOVENS E INTERNAÇÕES LONGAS
No Hospital Lourenço Jorge, na Barra, referência para traumas, quase 20 motociclistas são atendidos por dia. Eles representam mais de 90% das emergências ortopédicas.
> “São fraturas, lesões graves, múltiplas cirurgias e longas internações. Muitos ocupam leitos por meses”, diz o diretor da unidade, Bruno Guimarães.
José Augusto, 25 anos, está internado há dois meses e já passou por seis cirurgias após um acidente de moto.
“Estar preso numa cama não é bom. Quero me recuperar, fazer fisioterapia e voltar pra rua. A dica é prestar atenção, principalmente no sinal vermelho.”
O salgadeiro Maciel Gonçalves também está hospitalizado.
“Vinha do trabalho quando bati num caminhão. Não deu pra parar. Agora é tentar voltar logo, tenho filhas, esposa, preciso estar com elas.”