Décimo terceiro: povo não quer pagar o pato

Apesar de constitucional, pagamento de 13º a vereadores deixa goianiense indignado

Uma emenda à Lei Orgânica do Município (LOM) aprovada na terça-feira na Câmara Municipal de Goiânia restituindo as parcelas do 13º salário e abono de férias ao prefeito, vice-prefeito, secretários municipais e aos vereadores, nas mesmas condições dos demais servidores municipais, trouxe descontentamento à população.

O Diário do Estado foi ouvir os eleitores nas ruas da capital e nenhum dos entrevistados foi favorável ao pagamento dos benefícios aos agentes públicos. É o caso da atendente de lanchonete Tamires Bianchi, que afirmou não ser justo o pagamento do 13º aos vereadores. “Não é justo. Eles nem trabalham do tanto que a gente trabalha e ganham tanto”, disse.

A estudante Helen Cristina Gomes disse que não entende o motivo dos vereadores receberem 13º, quando o salário de cada vereador ultrapassa a casa dos R$ 14 mil. A comerciária Meuma Inácio disse que nenhum dos agentes públicos deveria ganhar os benefícios. “Com essa crise, muita gente nem emprego tem. Nem vai receber 13º. O povo não tem emprego, vivemos crise nas áreas da saúde e da educação. Deveria pegar esse dinheiro e investir na saúde e na educação do povo. É absurdo isso”, reclamou.

Segundo a manicure Ramira Ferreira da Costa o caso é vergonhoso porque os vereadores deveriam se lembrar do sofrimento da população que trabalha duro para pagar os impostos. “Eles ganham tão bem, pra que fazer isso?”. Ela ainda lembra que os vereadores ganham salários bem acima do que é percebido pela maioria da sociedade.

O taxista José Rivelino de Andrade disse que “além da regalia de ganharem mais de 15 mil por mês, os vereadores deveriam ficar com vergonha de querer ainda mais”. “Eles são muito sem noção, mas fazer o que se são eles que fazem as leis, não é mesmo? Nós é que pagamos o pato”.

Vereadores, secretários municipais, vice-prefeitos e prefeitos passaram a ter direito ao pagamento dos benefícios desde fevereiro deste ano quando o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela constitucionalidade da matéria. A conclusão do STF no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 650898 foi no sentido de que tal pagamento não é incompatível com o artigo 39, parágrafo 4º, da Constituição da República. Por maioria, venceu o voto proposto pelo ministro Luís Roberto Barroso. A decisão da Câmara de Goiânia seguiu o entendimento do STF.

Apesar de constitucional, o pagamento do 13º salário foi rejeitado, até agora, por apenas um vereador. Jorge Kajuru (PRP) manifestou na sessão de quarta-feira  seu descontentamento com a aprovação do projeto e apresentou documento registrado em cartório em que recusa o recebimento do benefício. Kajuru já havia encaminhado à diretoria da Câmara, no início do mandato, documento em que abre mão do salário (destinado a entidades assistenciais) e outros benefícios e direitos da atuação parlamentar.

 

 


 


Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

PF investiga general ligado ao governo Bolsonaro por imprimir plano para matar Moraes, Lula e Alckmin no Planalto

A Polícia Federal (PF) revelou que o general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e ex-ministro interino do governo Bolsonaro, teria impresso no Palácio do Planalto um “plano operacional” para assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Denominado “Punhal Verde e Amarelo”, o plano de três páginas foi encontrado no gabinete da Secretaria-Geral. Fernandes foi preso na manhã desta terça-feira (19).

De acordo com a PF, o documento, salvo sob o título “Plj.docx” (referência à palavra “planejamento”), detalhava a execução do plano. Além disso, outros arquivos sensíveis, como “Fox_2017”, “Ranger_2014” e “BMW_2019”, foram localizados na pasta “ZZZZ_Em Andamento”, que a polícia interpretou como um indício de que as ações estavam em fase ativa. Curiosamente, os nomes dos arquivos remetiam a veículos pessoais do general, segundo o relatório policial.

A defesa de Mário Fernandes ainda não se pronunciou sobre o caso.

Operação e alvos

A operação desta terça-feira prendeu quatro militares e um policial federal, todos investigados por ligação com um suposto grupo denominado “Kids Pretos”, formado por integrantes das Forças Especiais. O grupo é acusado de planejar o assassinato de lideranças políticas após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

Ao todo, a operação cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e determinou 15 medidas cautelares, incluindo a entrega de passaportes e a suspensão de funções públicas dos envolvidos. Entre os alvos estão Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, além do policial federal Wladimir Matos Soares.

A investigação faz parte de um inquérito mais amplo que apura possíveis tentativas de golpe de Estado relacionadas à eleição de 2022.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Isso vai fechar em 0 segundos