Última atualização 14/06/2023 | 08:11
Nesta quarta-feira, 14, a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) exibirá, no 24º Festival Internacional de Cinema Ambiental (FICA), o média metragem “Entre Lonas e Estacas”, que traz as histórias de mulheres que moram em ocupações urbanas na Região Metropolitana de Goiânia.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Estado(DE), o Defensor Público, Gustavo Alves de Jesus, conta que a ideia de produzir um documentário surgiu do contato com parlamentares e no fato do comportamento político dos agentes políticos ser influenciado por suas crenças e valores.
“Com base nisso, a ideia de fazer o documentário é poder mostrar quem de fato são essas pessoas que vivem em ocupações e tentar influenciar nas crenças, nos valores e, com isso, nas atitudes poderem levar à aprovação do projeto de lei”, explica.
Segundo a Diretora de Comunicação Social da DPE-GO e responsável pela coordenação do documentário, Tatiane Pimentel, esse é o primeiro documentário produzido pela Defensoria.
“A ideia inicial era gravar pequenos vídeos com depoimentos curtos sobre a vida das mulheres nas ocupações. As falas foram tão sensíveis e impactantes que decidimos voltar e produzir o documentário. O resultado foi esse media-metragem forte, sensível e profundo sobre a dureza da realidade que vivem e os sonhos que as mantém na luta”, relata a Diretora.
Entre as histórias ouvidas para o documentário, Tatiane Pimentel destaca Ilmara Freire, 44 anos, que construiu sua casa com as próprias mãos. “Cada tijolo foi fabricado no seu quintal e assim, ela deixou o barraco de lona”, narra.
Além de Ilmara, a Diretora de Comunicação Social da DPE-GO também cita Liduina Alves, 34 anos, que conta sobre a violência sofrida nas desocupações realizadas por policiais e agentes de segurança. “É possível sentir nas suas palavra a dor, mas logo vem a esperança de que o direito a moradia digna seja realidade”, afirma.
Inspiração para abordagem do documentário veio do cineasta Eduardo Coutinho
As gravações para o documentário começaram no dia 2 de junho de 2022 na ocupação Nova Canaã, com a entrevista de Marta Clemente de Souza, líder do assentamento. O diretor do documentário e Coordenador da Divisão de Audiovisual da DPE-GO, Diego D’ascheri, explica que a inspiração veio do cineasta Eduardo Coutinho.
“Foram conduzidas entrevistas abertas e intimistas, valorizando a espontaneidade e a autenticidade. Estabelecemos interações com as entrevistadas, quebrando a “quarta parede”, técnica que consiste em estabelecer uma conexão direta entre os entrevistados e a câmera, para criar uma experiência mais envolvente e participativa”, explica.
D’ascheri esclarece que, para o documentário, foi adotada uma abordagem não-linear, mesclando diferentes momentos com intuito de refletir a complexidade da realidade de uma ocupação urbana.
“O objetivo foi amplificar a voz das pessoas das ocupações, desmistificar preconceitos e fortalecer a luta pelo direito à moradia. Buscamos capturar experiências autênticas e transmitir uma mensagem impactante, no intuito de provocar reflexões sobre a dignidade das pessoas que vivem em assentamentos”, conta.
Pessoas entrevistadas no documentário continuam nas ocupações
Conforme informado pelo Defensor, Gustavo Alves de Jesus, as pessoas entrevistadas permanecem nas ocupações. “Todas elas ainda são acompanhadas pela Defensoria Pública pra suporte e entender o que vai acontecer com elas no desenrolar das ações judiciais que existem para remoção ou se for o caso, que é o que a gente espera, de regularização fundiária”, afirma.
O documentário tem duração de quase 30 minutos e será exibido na “Sessão Defensoria Pública: Direito à Moradia”, nesta quarta-feira, 14, às 11 horas, no Cine Teatro São Joaquim, na Cidade de Goiás. A exibição conta ainda com uma roda de conversa logo em seguida.