Trama golpista: defesa tenta desvincular Mauro Cid de intenção golpista e
mostrar delator como militar ‘obediente’
Advogados de auxiliar de Bolsonaro questionam testemunhas sobre respeito a
hierarquia e propagação de plano golpista e vendem ideia de Cid era apenas
executor.
Os advogados do coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do
ex-presidente Jair Bolsonaro, abriram nesta quinta-feira (22) a fase de coleta
de depoimentos das testemunhas de defesa na ação penal sobre a trama golpista
elaborada durante o governo anterior para driblar a derrota nas urnas.
A defesa de Mauro Cid usou essa etapa para tentar desvincular o militar de
qualquer dolo (intenção) no plano golpista – e mostrar o delator como um militar
“obediente”.
Além disso, os advogados questionaram as testemunhas sobre eventual envolvimento
do delator com política no quartel.
Os depoimentos estão sendo colhidos pela Primeira Turma do Supremo Tribunal
Federal, como a primeira etapa no julgamento de quem já virou réu pela tentativa
de golpe de Estado.
A lei estabelece a ordem de tomada dos depoimentos. As testemunhas de acusação e
do colaborador Mauro Cid são ouvidas primeiro para garantir o amplo direito de
defesa para os réus – cujas testemunhas serão ouvidas em seguida.
“Naquela época não [era politizado]. Cumpria rigorosamente as missões. Não havia
naquele momento nenhuma politização”, afirmou o general Edson Dieh Ripoli.
“Todas as missões que dei pra ele ele cumpriu muito bem. Naquele ano em que
trabalhei com ele, ele foi leal e correto”, disse.
O ex-comandante do Exército General Júlio Cezar Arruda disse que “não tratou de
questões políticas com Mauro Cid”.
> “Sim senhor, sempre obediente”, afirmou o coronel Fernando Linhares Dreus ao
> ser questionado pelos advogado de Cid sobre a conduta do militar.
As testemunhas também negaram que Cid tenha falado sobre planos golpistas ou
estratégias para impedir a posse de Lula em 2023.
1 de 1 Mauro Barbosa Cid, em imagem de arquivo — Foto: Jornal Nacional/
Reprodução
DENÚNCIA
A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao STF uma denúncia, em 26 de
março, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas por golpe de
Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização
criminosa.
De acordo com a PGR, a organização tinha como líderes o então presidente da
República Jair Bolsonaro e seu então candidato a vice-presidente, Braga Netto.
Segundo a denúncia, aliados a outras pessoas, entre civis e militares, eles
tentaram impedir de forma coordenada que o resultado das eleições presidenciais
de 2022 fosse cumprido. Os acusados foram divididos em núcleos pela PGR.