O ex-ajudante de Ordens do então presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, revelou que os apoiadores considerados moderados estavam preocupados com a possibilidade da ala mais radical influenciar o presidente a assinar uma “doideira”. As informações foram reveladas em uma delação premiada cujo sigilo foi derrubado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nesta quarta-feira (19).
Na delação, Cid menciona que o grupo moderado temia que os radicais convencessem Bolsonaro a tomar ações extremas, incluindo a possibilidade de um golpe de estado. Essa preocupação era reflexo da divisão dos apoiadores do presidente em três grupos distintos: conservadores, moderados e radicais.
Após as eleições de 2022, o ex-presidente passou a receber diferentes pessoas no Palácio da Alvorada, cada uma com sua própria agenda e conselhos. Os conservadores, por exemplo, contavam com figuras como o Senador Flávio Bolsonaro e o Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que aconselhavam Bolsonaro a se posicionar como líder da oposição.
Já os moderados, acreditavam que o país estava passando por abusos jurídicos, mas reconheciam que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições. Esse grupo se dividia em duas vertentes: aqueles generais que tinham mais proximidade com Bolsonaro e outro grupo que entendia que o presidente deveria deixar o país.
Por outro lado, a ala mais radical dos apoiadores estava dividida entre os que buscavam possíveis fraudes nas urnas e os que defendiam abertamente um golpe de estado. Esse último grupo, extremista, incentivava a saída de Bolsonaro do país e contava com figuras polêmicas como o empresário do agronegócio Paulo Junqueira e o Senador Magno Malta.
Embora não fosse um grupo organizado, as pessoas que compunham esses grupos radicais frequentemente se encontravam com o presidente Bolsonaro. Nomes como Felipe Martins, o Deputado Eduardo Bolsonaro e a própria primeira-dama, Michelle Bolsonaro, estavam entre aqueles que eventualmente aconselhavam o presidente.