Delegado é condenado a 29 anos de prisão por chefiar esquema de extorsão em Indaiatuba, diz MP
A Justiça também determinou o pagamento de R$ 10 milhões por danos morais coletivos. O grupo forjava flagrantes e exigia propina de até R$ 3 milhões para evitar prisões.
O esquema montado por policiais e agentes públicos cobrava propina milionária de empresários [https://s02.video.glbimg.com/x240/12480937.jpg]
A Justiça condenou os envolvidos na Operação Chicago, que desmantelou uma organização criminosa ligada ao 1º Distrito Policial de Indaiatuba (SP) [https://de.globo.com/sp/campinas-regiao/cidade/indaiatuba/]. O grupo, formado por policiais civis, guardas municipais, advogados, servidores públicos e empresários, comandava um esquema de extorsão contra empresários locais. [https://de.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2024/03/26/mp-faz-operacao-contra-policiais-civis-e-guardas-municipais-em-indaiatuba-delegado-foi-preso.ghtml]
Segundo denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os condenados forjavam investigações e flagrantes para extorquir vítimas. O delegado José Clésio Silva de Oliveira Filho, apontado como líder do grupo, recebeu pena superior a 29 anos de prisão. Ele, assim como os outros réus, perdeu o cargo público e também deverá indenizar as vítimas em mais de R$ 600 mil, além de pagar R$ 10 milhões por dano moral coletivo ao Fundo do Estado de São Paulo, segundo o Ministério Público (MP-SP).
A sentença, decidida na última sexta-feira (17), também determinou que os bens dos réus sejam usados para ressarcir os prejuízos causados às vítimas e à sociedade. “A sentença ainda destacou que as condutas dos condenados abalaram a credibilidade da Polícia Civil”, disse o MP-SP, em nota. O MP e as defesas ainda podem recorrer da decisão.
As investigações do Gaeco mostraram que o grupo invadia comércios sem mandado judicial, apreendia mercadorias e depois exigia entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões para evitar supostas prisões. Dentro do distrito policial, os promotores identificaram uma “sala de extorsão”, onde pessoas detidas eram ameaçadas a responder por crimes que não cometeram caso não pagassem propina. Os advogados participavam como intermediários na cobrança e transporte do dinheiro, enquanto servidores comissionados negociavam diretamente com os empresários. Mesmo preso, o delegado tentou interferir nas investigações. [https://de.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2024/10/25/delegado-preso-por-extorquir-empresarios-usou-celular-dentro-de-presidio-para-mandar-ameacar-vitimas-diz-gaeco.ghtml] Em outubro de 2024, o Gaeco descobriu que ele usou um celular dentro do presídio para mandar um comparsa ameaçar vítimas e testemunhas, pedindo que mentissem à Justiça. Com a descoberta, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decretou nova prisão preventiva contra o delegado e o cúmplice, preso em Indaiatuba. Durante as buscas, policiais apreenderam uma arma de fogo com o suspeito.
O nome da operação remete à cidade americana dos anos 20 e 30, quando gangsteres governavam “à base de violência, desprezando a lei e criando fortunas com os crimes”. A primeira fase da operação ocorreu em março de 2024, com a participação de 15 promotores, 10 servidores do Ministério Público, 94 policiais militares e 19 policiais civis. Na ocasião, 13 dos 14 investigados foram presos preventivamente. [https://de.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2024/03/26/mp-faz-operacao-contra-policiais-civis-e-guardas-municipais-em-indaiatuba-delegado-foi-preso.ghtml]