DEMA investiga captações irregulares sobre o Rio Araguaia

Delegado afirma que trechos do rio podem ser atravessados a pé

A Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente (DEMA) apresentou ontem (06) informações sobre investigações que estão sendo realizadas sobre captações irregulares ao longo do Rio Araguaia.

O delegado Luziano Carvalho explicou que os lagos responsáveis pelo abastecimento do rio estão sendo usados de forma indevida pelos produtores rurais. “Em Luiz Alves, por exemplo, estão drenando água que deveria estar indo para o rio, e matando os peixes, sem qualquer controle”, apontou o titular da DEMA.

“Estão drenando lagoas naturais, prejudicando o habitat natural de peixes, como a caranha e o pirarucu”, observou Luziano. O delegado ainda lamentou que em alguns pontos, é possível atravessar o rio a pé, em linha reta. Em uma das propriedades visitadas pela Polícia Civil, foi identificado que uma única bomba captava 1.700 litros de água por segundo.

Salvando o Araguaia

O titular da delegacia afirmou que os esforços para a preservação do rio se incluem na operação “Salvando o Araguaia”, iniciada em 2016. “O trabalho se intensificou quando identificamos crimes de impedir ou dificultar a regeneração natural, com desmatamento e construção em áreas não permitidas, como represas”.

Entre as atividades identificadas, a DEMA indicou 20 grandes produtores por construção de represamentos e uso indevido de nascentes. “Tem produtor colocando gado em cima de nascente e drenando lagoas menores para reservatórios maiores”, apontou Luziano. Apesar das informações recolhidas, que devem ser encaminhadas à Justiça, o titular da DEMA afirmou que deve acionar a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SECIMA) e a Polícia Técnico-Científica para realizar levantamentos adicionais no Vale do Araguaia.

A principal nascente do rio, que é ponto de confluência principal da bacia Tocantins-Araguaia, se localiza no município de Mineiros, sudoeste do estado. A DEMA tem realizado desde 2002, a recuperação do leito ao longo do trecho goiano. Em Xambioá, norte de Tocantins, o rio já baixou dois metros apenas entre janeiro e fevereiro desse ano.

por Gustavo Motta

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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