Democracia Brasileira aos 40: entre golpistas, indiferentes e o Estado de Direito

Às vésperas de completar 40 anos, a democracia brasileira ainda coxeia, sente-se ameaçada e inspira cuidados. Deve-se louvar o golpista ou o indiferente ao Estado de Direito que sinceramente converteu-se à democracia. O Estado de Direito é aquele que assegura que nenhum indivíduo está “acima da lei”. Mas ao golpista ou ao indiferente ao Estado de Direito, não basta converter-se. Ao golpista, para que sua conversão seja reconhecida como verdadeira, há que se cobrar explicações. Pelo menos duas: por que antes foi golpista? E o que o fez mudar de posição? Há também que se cobrar um pedido público de desculpas se suas ações pretéritas causaram danos ao país.

A mesma receita deveria ser aplicada às instituições. Quantos Papas já não pediram desculpas e autorizaram o pagamento de indenizações a fiéis abusados sexualmente por sacerdotes? Não se pode dizer da Igreja Católica que ela, em algum momento, tenha estimulado o abuso. Mas pode-se dizer, sim, que ela por séculos tolerou o abuso que provocou tanto mal aos seus servos. O Estado alemão, até hoje, se penitencia pelo mal que o nazismo infligiu à Humanidade, especialmente aos 6 milhões de judeus, ciganos e outras minorias mortos em câmaras de gás.

O ministro José Múcio Monteiro, da Defesa, prega que é preciso diferenciar o CPF do CNPJ das Forças Armadas quando se discute o comportamento dos militares em relação a golpes. CPF é o Cadastro de Pessoa Física, CNPJ, o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica. O que José Múcio quer dizer: as Forças Armadas não são golpistas; mas há militares que são ou que foram. É uma sacada engenhosa do ministro para preservar a imagem da instituição, as Forças Armadas, mas se lida à luz da história, não corresponde à realidade; é apenas uma sacada oportuna.

Só pelo prazer de argumentar: dou de barato que CPFs tramaram o golpe de dezembro de 2022 para impedir a posse de Lula, e o de janeiro de 2023 para interromper seu governo mal iniciado. Mas não foram CPFs que acolheram em diversas partes do país os golpistas acampados à porta de quarteis; ali, área de segurança nacional, sem o endosso do CNPJ, ninguém acampa. Sem endosso do CNPJ, CPF não movimenta tropas e armamento pesado para retardar a prisão de golpistas como aconteceu na noite do 8 de janeiro, nem sugere uma operação para restaurar a ordem.

Foi um golpe militar que derrubou a monarquia e proclamou a República entre nós. Foi um golpe militar que levou Getúlio Vargas ao poder em 1930 e que o retirou de lá em 1945. Getúlio voltou em 1950, desta vez pelo povo popular, matando-se com um tiro no peito quatro anos depois para não ser derrubado por outro golpe. Sua morte postergou em 10 anos a ditadura de 64. A anistia de 1976, dita ampla, geral e irrestrita, perdoou os crimes dos militares que torturaram e mataram adversários do regime; esses, pagaram seus crimes com o próprio sangue. Uma anistia de araque, portanto, que serviu mais a um lado do que ao outro; uma anistia que dispensou as Forças Armadas de ao menos pedirem desculpa e de revisarem sua formação. Às vésperas de completar 40 anos, a democracia brasileira ainda coxeia, sente-se ameaçada e inspira cuidados.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

PMDF adquire 8.597 novos coletes à prova de balas por R$15 milhões

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), após quase um ano utilizando coletes à prova de balas vencidos, adquiriu 8.597 novos equipamentos de proteção por um custo de R$ 15 milhões. A corporação estava enfrentando dificuldades operacionais devido às placas balísticas vencidas. Os novos coletes foram entregues na terça-feira (17/12) e o Comando-Geral da PMDF está planejando distribuir os lotes para os batalhões em janeiro de 2025, após a liberação dos órgãos competentes.

Mesmo adotando o revezamento dos coletes antigos, ainda válidos, para suprir a demanda operacional, parte da tropa precisou trabalhar nas ruas sem a proteção adequada. Em março de 2024, o problema dos coletes fora da validade foi noticiado pelo Metrópoles. O atraso na licitação causou transtornos aos policiais, que precisaram se arriscar sem a devida segurança. A situação foi evidenciada em um vídeo que mostrava um colete vencido desde 15 de fevereiro do mesmo ano.

Após uma espera angustiante, os novos coletes chegaram, e a PMDF anunciou pelo Instagram que “milhares de novos coletes” seriam entregues à corporação. No entanto, a distribuição dos itens está prevista somente para janeiro. A demora no processo de compra dos equipamentos de proteção e as supostas irregularidades na licitação geraram preocupações. A representação de uma empresa participante alegando irregularidades foi analisada pelo TCDF, que finalmente arquivou o processo, permitindo a substituição dos coletes vencidos.

Para Carlos Victor Fernandes Vitório, presidente da Federação Nacional de Entidades de Praças Estaduais no Distrito Federal (Fenepe), a situação dos coletes balísticos da PMDF reflete anos de descaso com a segurança dos próprios policiais. Ele ressaltou que é inaceitável que os profissionais arrisquem suas vidas diariamente sem a proteção adequada, enquanto a administração pública ignora essa realidade. A necessidade de garantir a segurança dos agentes que protegem a sociedade é crucial para o presidente da Fenepe.

Ficar informado sobre questões relevantes do Distrito Federal é essencial. Siga o Metrópoles DF no Instagram para se manter atualizado. Receba as notícias do Metrópoles em seu Telegram para estar por dentro de tudo. Caso tenha alguma denúncia ou sugestão de reportagem sobre o Distrito Federal, entre em contato pelo WhatsApp do Metrópoles DF. É importante manter a transparência e a segurança na atuação das forças policiais para garantir a proteção de todos os cidadãos.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp