O edifício ligado ao renomado arquiteto Rino Levi foi recentemente demolido em Pinheiros, causando indignação entre os moradores, que se preocupam com a preservação da memória histórica da cidade. O prédio da Cultura Inglesa na rua Deputado Lacerda Franco, construído em 1980 pelo escritório do arquiteto modernista falecido em 1965, era parte do acervo de estudos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP).
A demolição do antigo prédio da Cultura Inglesa em Pinheiros, situado na Zona Oeste de São Paulo, neste sábado (19), gerou críticas e revoltas da comunidade local e de urbanistas, que questionam a preservação de edifícios históricos sob a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) da capital paulista. O projeto arquitetônico foi parte do legado de Rino Levi, um dos nomes mais proeminentes da arquitetura paulista, responsável por diversos prédios tombados como patrimônio público na cidade.
O imóvel demolido não apenas abrigava o curso de inglês, mas também era palco de diversas atividades culturais que marcaram a vida cultural da cidade, incluindo apresentações teatrais, espetáculos de dança e oficinas. No entanto, a construtora SRK decidiu demolir o prédio para dar lugar a um condomínio residencial, ignorando a resistência da comunidade e as solicitações de diálogo por parte dos moradores e do Movimento Pró-Pinheiros.
A fundadora do Movimento Pró-Pinheiros, Rosanne Brancatelli, expressou seu descontentamento com a falta de sensibilidade da construtora e da gestão municipal em relação à preservação da memória da cidade, afirmando que a demolição reflete a priorização do lucro imediato em detrimento do patrimônio urbano e cultural. A falta de diálogo prévio com a comunidade e a rapidez na demolição do prédio apenas reforça a necessidade de proteção e valorização da história e da arquitetura da cidade.
O vereador e urbanista Nabil Bonduki criticou a gestão municipal e o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) por permitir a demolição do edifício sem considerar sua importância histórica. Bonduki denunciou a composição inadequada do Conpresp, evidenciando indicações políticas que desconsideram a preservação do patrimônio cultural da cidade.
Diante do cenário de disputa política na Câmara Municipal relacionada à ocupação da vaga no Conpresp e à permanência de Rodrigo Goulart no colegiado, entidades da sociedade civil pretendem recorrer à Justiça para assegurar a representatividade adequada no órgão de preservação histórica. A falta de comprometimento com a memória e a preservação arquitetônica da cidade evidencia a necessidade de um diálogo mais transparente e inclusivo entre as autoridades municipais, as construtoras e a comunidade local.
Em meio a essa controvérsia, a demolição do prédio da Cultura Inglesa em Pinheiros representa um marco na luta pela proteção do patrimônio histórico e cultural de São Paulo. A mobilização da sociedade civil e a pressão por políticas mais assertivas de preservação tornam-se indispensáveis para promover o desenvolvimento urbano sustentável e a salvaguarda das identidades locais. A cidade, segundo Bonduki, deve buscar um equilíbrio entre o crescimento e a preservação, valorizando os locais de significado simbólico e arquitetônico para garantir a memória coletiva de seus habitantes.