O Ministério Público do Rio (MPRJ) apresentou uma denúncia por corrupção contra o ex-secretário de Administração Penitenciária do Rio (Seap), Raphael Montenegro, e o traficante Wilton Carlos Rabello Quintanilha, mais conhecido como Abelha. O caso remonta a julho de 2021, quando Abelha conseguiu fugir da cadeia através da porta da frente do presídio Vicente Piragibe, no Complexo de Bangu, mesmo com um mandado de prisão em aberto. Abelha, que é considerado um dos chefes do Comando Vermelho e catalogado como um criminoso de “altíssima periculosidade”, permanece foragido até os dias atuais.
No mês seguinte à fuga de Abelha, Raphael Montenegro acabou sendo preso sob suspeita de facilitar a saída irregular do criminoso e de negociar uma suposta “trégua” com integrantes da facção criminosa. Outros dois servidores da secretaria também foram detidos no mesmo período. As investigações conduzidas pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) revelaram informações significativas, como áudios que evidenciaram a solicitação de apoio eleitoral feita pelo ex-secretário ao traficante para as eleições de 2022, onde Montenegro concorreu a deputado estadual.
A denúncia formulada pelo MPRJ aponta que Raphael Montenegro teria libertado de forma ilegal Wilton Carlos Rabello Quintanilha, mediante um acordo suspeito entre os dois. Esse pacto visava permitir que Montenegro realizasse campanha eleitoral e angariasse votos nas comunidades controladas por Abelha, figura de destaque no Comando Vermelho. A relação descrita na denúncia como “promíscua e direta” entre Montenegro e Abelha e seus familiares, evidencia uma articulação com o intuito de obter apoio eleitoral da facção criminosa, culminando na soltura irregular de Abelha, conforme descrito no documento oficial.
Abelha, identificado como liderança do Comando Vermelho, e seus familiares teriam atuado nas comunidades sob influência da facção em benefício de Montenegro. A denúncia destaca que a libertação ilegal de Abelha foi fruto de uma relação pessoal promíscua entre o ex-secretário e o traficante, objetivando uma vantagem política para a candidatura de Montenegro. Estes acontecimentos revelam um caso grave de corrupção e conluio entre autoridades e criminosos, comprometendo a segurança pública e a integridade do sistema penitenciário do Rio de Janeiro. A justiça segue acompanhando e investigando este caso para a devida punição dos envolvidos.