Moradores da Serra da Cantareira, na Zona Norte de São Paulo, denunciam que caminhões continuam circulando livremente pela antiga Estrada da Roseira, atualmente Avenida Vereador Belarmino Pereira de Carvalho, apesar da proibição expressa para veículos pesados. A via, que liga a capital a Mairiporã, na Grande São Paulo, é íngreme, estreita e marcada por acidentes graves.
Mesmo com placas de restrição e um posto da Polícia Militar na entrada do trecho, caminhoneiros passam sem serem parados. Segundo quem vive na região, que abrange os municípios de São Paulo, Guarulhos, Mairiporã e Caieiras, o controle é praticamente inexistente.
A dona de casa Andresa Mendes, que mora na Serra da Cantareira há cinco anos, afirma que o problema vem piorando desde a pandemia. Ela relata que acidentes no fim da tarde, horário de maior movimento de moradores voltando para casa, transformam a rotina em um caos. Com os acidentes, o trecho é interditado e quem utiliza o local precisa pegar rotas alternativas.
Outra moradora da região da Reserva das Hortênsias, que prefere não se identificar, afirma que usa a estrada diariamente e testemunha a irregularidade de perto. Segundo ela, anos atrás, uma família inteira morreu na tal “curva da morte”.
A “curva da morte” está próxima do limite entre as cidades de São Paulo e Mairiporã, em um trecho bastante íngreme e sinuoso, que moradores apontam como o mais perigoso da via.
A circulação de caminhões no trecho da Serra da Cantareira é formalmente proibida por lei municipal de Mairiporã e por regras previstas no Código de Trânsito Brasileiro, devido à forte inclinação e ao risco de acidentes. A restrição vale para a Avenida Senador José Ermírio de Moraes e vias adjacentes, onde placas instaladas pela CET indicam que veículos pesados não podem subir ou descer a serra.
Segundo as moradoras, a falta de solução definitiva envolve um impasse entre os dois municípios responsáveis pelo trecho. Além disso, afirmam que o Conseg de São Paulo e o governo do estado já foram acionados diversas vezes, mas não houve solução.
A restrição a caminhões no trecho existe há anos devido ao número de ocorrências graves. Em janeiro, um caminhão entalou em uma estrada na região e bloqueou o acesso na Serra da Cantareira aos municípios vizinhos de Mairiporã, Caieiras e Franco da Rocha. A “curva da morte” já foi palco de um acidente fatal em 1994, que tirou a vida de uma jornalista e seus filhos.
Em relação aos índices de acidentes, dados do Infosiga mostram uma redução tanto nos acidentes com vítimas não fatais como nos acidentes com morte em São Paulo, mas moradores relatam ao g1 que foram registrados ao menos seis acidentes graves no trecho da Serra da Cantareira em 2025. O impasse entre os municípios responsáveis pelo trecho e a falta de fiscalização efetiva contribuem para a continuidade da circulação de caminhões na via, aumentando o risco de acidentes e colocando em perigo a vida dos moradores e motoristas que utilizam a estrada.




