O preço de muitas criptomoedas, como o próprio bitcoin, tiveram quedas significativas no início desta semana, revertendo uma tendência de alta em abril motivada, por sua vez, por uma grande quantidade de venda dessas moedas no mercado financeiro global.
O bitcoin é um reflexo disso: a criptomoeda caiu 6% em apenas um dia, na segunda-feira (9), perdendo todo o valor que havia ganhado na semana anterior, quando tinha chegado à casa dos US$ 40 mil (R$ 206 mil) — a alta de 6%, aliás, havia sido a maior para um único dia desde meados de março. Esse é o valor médio que o bitcoin está sendo vendido desde o fim do ano passado, longe da sua marca histórica — que foi de US$ 68,9 mil (R$ 355 mil) em novembro de 2021.
Já a ether, a segunda maior criptomoeda do mercado, caiu 4% nesta segunda-feira, para cerca de US$ 2,7 mil (R$ 14 mil) O token que sustenta a rede da moeda havia ganhado 6% em valor na semana anterior, no que havia sido sua maior alta diária desde fevereiro. O mesmo aconteceu com outras criptomoedas, como a solana (-3%), a cardano (-4%) e a avalanche (-5%).
O bitcoin e outros ativos digitais deveriam, em teoria, ser independentes da volatilidade dos mercados principais, de moedas oficiais. No entanto, elas têm provado que estão cada vez mais em correlação com os riscos ligados ao fluxo financeiro global — especialmente no caso de ações envolvendo empresas e fundos de tecnologia.
Foi assim que, na semana passada, um dos melhores dias para o mercado financeiro mainstream em dois anos, com um aumento de 3% nas ações globais medidas pela consultoria S&P 500, as criptomoedas também subiram significativamente. A queda de agora também acompanha os negócios de centros financeiros globais, como mostra a caída de 5% do índice Nasdaq no início desta semana. A reação rápida das criptomoedas foi na mesma direção, inclusive, caindo aos seus níveis mais baixos em meses.
Otimismo e pessimismo
Apesar da queda dos últimos dias, a expectativa ainda é que o bitcoin chegue ao valor de US$ 100 mil (R$ 467 mil) em 2022. Um relatório recente do Deutsche Bank vai além: nele, os investidores relatam esperar que essa marca seja de US$ 110 mil. A explicação vai desde o crescimento histórico da principal criptomoeda até o fato de isso ter acontecido sem que outras criptomoedas tenham seguido o mesmo caminho.
Mas há quem vá na direção contrária: justamente por estar mais suscetível ao mercado financeiro, fatores comuns de quedas de moedas, como a guerra na Ucrânia, por exemplo, são capazes de minar essas expectativas. Os Estados Unidos são o que causam mais desconfiança, já que o FED — o banco central do país — pretende reduzir para US$ 95 bilhões mensais o volume de recursos que despeja na economia para combater a inflação. Nos últimos doze meses, a taxa inflacionária americana já passa da casa dos 8%.
Soma-se a isso a situação econômica cada vez mais incerta da China, onde a volta da Covid-19 e, por consequência, da quarentena, ameaçam com uma desaceleração com efeitos globais, o que não ajuda nas perspectivas.